A raiva tem uma função básica em nossa vida: corrigir o que percebemos como injustiça. Somos programados corporalmente para rejeitar injustiça. Assim como o podre nos causa náusea, o injusto nos causa raiva.
Mas gerenciar a raiva para torná-la competente na correção de injustiças é como aprender uma língua estrangeira: requer tempo e bom treino.
De modo que é muito comum vermos produtos incompetentes da raiva mal gerenciada. Alguns exemplos:
1. Explosão: dar com o cabo de vassoura na cabeça do outro dificilmente corrige a injustiça…
2. Implosão: entubar a raiva, por não saber o que fazer com ela, costuma dar em doenças, como a depressão, p.ex.
3. Ironia e sarcasmo: se usados sistematicamente para humilhar, não corrigem a injustiça e já são sinais de vício sadomasoquista.
4. Alusões e insinuações: o mesmo do item anterior, com o agravante do “gaslighting” (“mas eu não falei nada, você tá ficando maluco?”).
5. Prisioneiro da vingança: um jeito estranho de se estar escravizado pelo opressor, ainda dentro do vício sadomasoquista.
6. Vitimismo: é outra face do s&m, a vingança terceirizada pela solidariedade dos outros, que passam a ver o suposto opressor como um fdp.