Síntese
Os prazeres mais desprestigiados/ignorados: os que vêm do ânus e do reto (sobretudo entre homens); do períneo; da virilha; do umbigo; das laterais do abdome; do mamilo/aréola masculinos; das axilas; da parte interior das coxas; da nuca e de toda a volta do pescoço; do canal auditivo e das narinas; da bolsa escrotal; da parte posterior dos joelhos; dos dedos dos pés.
Mas, atenção: ter essas áreas do corpo sensíveis à excitação é resultado de uma loteria genética. Mesmo as mais óbvias podem ser cegas: há mulheres que não têm mamilos “felizes”, p.ex., enquanto há homens que os têm radiantes. E áreas menos óbvias (dedos dos pés lambidos e chupados, p.ex.) que podem ter tirado a sorte grande.
Como dizia um amigo, “esse negócio de pressa de foder é pra proletário: serve para fazer prole e deixa de lado todo o playground que uma cama pode ser”.
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Agora sim, por extenso, se você se interessar pelos detalhes:
Dos aprendizados que a psicanálise, a medicina e a psicologia evolucionista me trouxeram, se destaca o das zonas erógenas.
Elas são as áreas do corpo capazes de despertar excitação sexual, pelo prazer que dão quando estimuladas da maneira certa. Toda a superfície corporal, e suas cavidades, têm esse potencial erógeno (significa “gerador de excitação erótica). Ok, talvez seja necessário excluir os cotovelos, mas de resto, é tudo mesmo.
Com esse aprendizado, veio a percepção de desperdício: o quanto de prazer se perde por desconhecimento dessas zonas. Pudor e senso comum são as causas mais comuns desse alheamento.
Vamos mapeá-las, então. As mais comuns são a boca, a região anal e a genital. Foi daí que Karl Abraham nomeou as fases do desenvolvimento dos bebês como “fase oral” (da época da amamentação), “fase anal” (a partir dos dois anos, o aprendizado do controle dos esfíncteres e a negociação com o mundo que isso implica) e a “fase fálica” (a descoberta do prazer dos genitais).
Os prazeres da boca são desperdiçados pela pressão de performance: em vez de brincar e de pesquisar sem pressa, os beijos cinematográficos e sôfregos fazem parte de uma triste linha de montagem para se chegar aos “finalmentes”.
Os prazeres do ânus e do reto podem ser reprimidos por pudores femininos (“coisa de puta”) ou medos masculinos (“coisa de viado”). Se eles tiraram a sorte genética de ser felizes, há de se estar atento ao que preferem: carinhos digitais, lambidas, penetração. A penetração exige cuidado com a prevenção da dor: o prazer do reto vem da sua distensão alternada com o relaxamento (não tem nada a ver com a próstata, as mulheres podem tê-lo igual). O início será sempre mais delicado, pela contração automática.
Os prazeres genitais se perdem principalmente por causa do senso comum. Nas mulheres, pois muitos não dão atenção ao clitoris, pois acham que a penetração do canal vaginal “é a coisa a fazer”. No entanto, a vagina é como o reto: pode ou não ter sido sorteada como zona erógena, pode ser cega e só dar o prazer psicológico de estar sendo possuída.
Nos homens, o pau mole pode ser fonte de muito prazer, mas sofre de tremenda discriminação: há mulheres que consideram um insulto, chupar um pau mole. Mal sabem elas que o membro masculino tem ideias próprias, e reage mal a cobranças do Superego.
Como se vê, o assunto é tão extenso quanto negligenciado…