domingo, 14 de agosto de 2022

BOAS INTENÇÕES E TIRANIA - A POLÍTICA GERAL E A DOMÉSTICA



O problema dos tiranos não é falta de boa intenção, o problema é que eles conseguiram excesso de poder, sem ninguém para contrariá-los. Isso não se passa só com Hitler, Stálin, Mao, Fidel Castro, Mussolini, Franco, Costa e Silva e outros ditadores, ou aspirantes a ditadores.

Existe um tirano dormindo dentro de todos nós: a motivação à espera de meios e oportunidade.
O mesmo se passa dentro de famílias. Uma família com muitos membros, irmãos, tios, avós et al. tende a algo parecido com um parlamento: há vários pontos de vista, há alguma diluição de poder, há com quem trocar seu sofrimento, e há, em última instância, um menor tempo de atenção dedicada a cada um: há espaço para vida não vigiada.

O papel dos pais está longe desse negócio de “demonstrações de afeto”, “quality time”, “amor incondicional”. O excesso disso, cheio de boas intenções, tem gerado um bando de mimadinhos incapazes, passarinhos de gaiola que não sabem (nem querem) voar.

Se sua intenção é criar filhos autônomos, capazes e independentes, get a life e SAIA DE CIMA DELES!






 

EM DEFESA DO CONSUMIDOR: COMO ESCOLHER UM PSICANALISTA

 



Antes de mais nada, penso que há uma pergunta a ser respondida, porque eu a ouço muito:
psiquiatras, psicólogos, psicanalistas, terapeutas, qual a diferença entre eles?

Psiquiatras:
são médicos que estudam a melhor maneira de ajudar quem está mentalmente perturbado através de remédios. Isto é um espetáculo. A psicofarmacologia avançou muitíssimo nas últimas décadas, e os remédios que temos hoje são tão bons que eu diria: não há melhor momento na história da humanidade do que hoje para ser deprimido, neurótico, ansioso, maníaco, psicótico ou qualquer outro distúrbio que, antigamente, levaria você a um hospício.

Psicólogos:
são estudiosos da “alma”, ou, em termos atuais, do software que roda no cérebro e que aparece como comportamentos, pensamentos e outras perturbações (porque eles estudam como o nosso cérebro funciona e como ele nos perturba). Existem muitas maneiras de estudar isto, e muitos mestres olharam este funcionamento por muitos ângulos.

Psicanalistas:
estes psicólogos derivam da maneira de estudar o software cerebral que Freud inaugurou no século XIX. É claro que eu, como psicanalista que sou, vou me deter mais neste jeito de entender o funcionamento da nossa mente. Freud descobriu que nós éramos tão marcados pela nossa educação e pelas pessoas que nos criaram, que acabávamos por carregar este jeito de viver pelo resto de nossas vidas: se ele era favorável e lógico, ótimo, viveríamos bem; se ele era estranho e cruel, acreditaríamos nele e viveríamos mal (ele não falou quase nada da genética, que constitui 50% do que somos).

Terapeutas:
são pessoas que cuidam (terapia é cuidar, é tratamento) de outras. Por isto você tem fisioterapia, logoterapia, quimioterapia e assim por diante, até ter psicoterapias, feitas por psicoterapeutas, que são pessoas que cuidam de você e de sua maneira mental de funcionar. Os psicanalistas podem ser estudiosos apenas (teóricos), ou psicoterapeutas, aqueles que cuidam de pessoas usando a psicanálise como instrumento. É uma das inúmeras maneiras de psicoterapia.

Mas acho que basta. Meu assunto é como escolher um psicanalista terapeuta, alguém que vai cuidar de você com o instrumental que Freud inventou, alguém que vai te prestar um serviço de saúde. Você o contrata e consome o serviço dele.

“Ai, que barbaridade, pensar o cliente como consumidor!”

Sinto muito se feri suscetibilidades, mas imagino que, se você está lendo um caderno sobre psicanálise, está preparado para ler textos eruditos de que você não vai entender 10%. É uma das coisas que me horrorizam em psicanálise, e que sempre me pareceu uma contradição entre termos. Afinal, a psicanálise veio para explicar ou para confundir?

Clínica: do latim, quer dizer “inclinar-se”, para observar e entender.

Pratico a clínica psicanalítica há 45 anos, e fui consumidor desta prestação de serviço durante oito, com dois psicanalistas diferentes. É. Prestação de serviço mesmo, eu pagava (caro) e recebia 50 minutos de suposta atenção.

Assim como quando fui pai, tentei me lembrar de quando era criança e o que funcionava e o que me irritava no jeito de meus pais, quando fui ser psicanalista, prestei bem atenção no que me fez bem e no que me fez mal quando fui cliente. Para aprender com os erros (evitando-os) e com os acertos de meus psicanalistas (tomando-os como modelo).

Você já viu que vai entender tudo o que eu escrever aqui. Gosto de clareza, de transparência, do que é lógico e razoável. Se você gosta de obscuridades, perplexidades e esoterismos, pode pular este artigo. Não é tua praia.

A coisa é simples assim: quantos psicanalistas são necessários para trocar uma lâmpada? Um só, mas é preciso que a lâmpada queira muito ser trocada. Procurei a psicanálise porque me sentia mal comigo mesmo e queria muito me sentir bem. A pergunta seguinte era: o profissional teria o mesmo objetivo? Ele quereria me fazer sentir melhor com o instrumento terapêutico que usava?

Parece uma pergunta besta, não? Mas não é! Há vários psicanalistas que não se sentem comprometidos com a melhora e o bem-estar de seus pacientes (que dirá com a cura de seus sintomas), eles têm como meta “a reflexão sobre os enigmas do seu funcionamento psíquico”, ou pior, “com a sua aceitação da castração” (calma, que eu explico, é algo assim: “o mundo é duro mesmo, e você deve se dobrar e aceitá-lo como é, sem esperar colinho de mãe, que é o mesmo que querer roubá-la de seu pai, representante do mundo cruel. Tenha horror do incesto, o complexo de Édipo”).

De tal maneira que, escolher um psicanalista não é tarefa fácil. Aqui vão algumas sugestões que podem te ajudar, se você ainda não largou a leitura deste blasfemo insolente, ou mesmo desta pessoa desprezível pela sua linguagem chã que qualquer um pode compreender.

A INDICAÇÃO: Ela pode vir de um amigo querido, que tem se sentido cada vez melhor com seu tratamento, e que te diz que nunca saiu de uma sessão pior do que entrou, e que não acredita que “hoje a sessão foi ótima, eu saí de rastos, aos prantos, me sentindo a última das criaturas, porque nós fomos fundo nos meus horrores”. Ela pode vir de artigos que você leu e te deram alívio e compreensão, assinados pelo cara. Ou o mesmo sentimento a partir de livros que ele escreveu, entrevistas que ele deu etc.

O PRIMEIRO CONTATO: Geralmente pelo WhatsApp mensagem ou ligação. É impressionante o que se pode aprender sobre o outro num telefonema: se ele é acolhedor; se é hostil; se é simpático ou não; se é pomposo ou simples; se você se sente confortável na conversa, ou constrangido; se vai te atender logo ou “talvez, se abrir uma vaga, nos próximos meses”. Enfim, minha sugestão é: só vá à entrevista se você se sentir bem com ele ao telefone. De desconforto, já basta a tua vida, você não precisa pagar (caro) por ele!

PERPLEXIDADE: Se o Dr. Fulano te disser alguma coisa que você não entenda, se falar de tal maneira complicada que você chegue a achar que é burro, pode desistir: ele não serve para você.

MUDEZ: Se o Dr. Fulano ficar olhando mudo para você quando você quiser saber algo na entrevista, as chances são de que ele ficará mudo durante a terapia. Por que você há de pagar (caro) para alguém que não diz nada? É teu trabalho se entender? Pois então fale para o espelho. É muito mais barato.

CONTRATO: Sinta-se confortável com um contrato claro de tempos de sessão e de custos. Pergunte sobre férias suas e do terapeuta, quem paga o quê. Pergunte sobre pontualidades (há poucas coisas mais constrangedoras do que encarar colegas numa sala de espera), porque você tem mais o que fazer na vida, e continua sendo uma falta de respeito – em qualquer especialidade médica – te fazer esperar tendo hora marcada. Woody Allen diz em um filme que não podia se suicidar porque seu analista cobraria as sessões que ele faltasse. Contratos precisam ser claros!

COMO EU SAIO DA SESSÃO?: Não deixe ninguém te convencer que sair de rastos, aos prantos e arrasado de uma sessão significa que ela foi “funda e produtiva”. Só significa que o terapeuta pôs mais dor naquilo de que você já se acusava. Ele quer que você se arrependa. É mais barato procurar a igreja católica (nos confessionários).

SENSO DE HUMOR: Se você sentir falta dele no seu terapeuta, significa que ele gosta de drama, e o drama é parte integrante, agravante e fundamental dos seus sintomas. Vá embora! Parte da cura é não se levar tão a sério, não se achar (e a ninguém) tão importante.

Dentro de cem anos, lembre-se, estaremos todos mortos (provavelmente, esquecidos). E, faz parte do meu imaginário aparelho humildificador,

amanhã este artigo será papel de embrulhar peixe…





TRUQUE DE CONSULTÓRIO - O AMIGO PERGUNTA

 


“Quais dos habituais truques de psicanalista você usa em sua clínica? Silêncio prolongado? Interpretações prontas? ‘Neutralidade’? Mistério? Distância formal? Desmascaramento das intenções ocultas, daquelas que fazem o cliente chorar? Joguinhos de poder?”

Francisco Daudt: Meu único “truque” é não ter truques, muito menos joguinhos. Entendi, com o tempo (e revisitando a época em que estive do outro lado do balcão/divã), que esses truques mencionados só servem para afirmar o psicanalista como superior e idealizado, ou seja, eles põem o analista na posição do Superego do cliente. Eles repetem, na relação analista-cliente, o jogo fodão-merda que todos temos com nosso próprio Superego.

Disso resulta que o vício sadomasoquista do fodão-merda não é investigado no cliente, pois o próprio analista nem o vê, por estar incorporado nele a partir de suas instituições formadoras. A doença s&m fodão-merda é o principal ponto cego da enorme maioria dos psicanalistas.

Por ter ciência disso, e por saber bem meu lugar de prestador de serviços para o cliente, posso ter a postura humilde e transparente de recebê-lo com afabilidade e bom humor, sem dramas, ouvi-lo com compaixão, nunca interpretar nada, simplesmente investigar e apresentar minhas hipóteses para sua avaliação: sempre facilmente rejeitáveis, se ele as confirmar, haverá muita chance de estarem corretas.
Basicamente, o “truque” é o método científico. E a ciência contém ignorância humilde, com muita vontade de saber. Saber sobre a saúde do cliente, e entender bem o que a atrapalha.






CHORO: ORIGEM E DINÂMICA

 



Na base do choro - qualquer choro - mora a impotência diante de um incômodo. A primeira manifestação disso é o choro do bebê. Ele não fala e não faz, sua dependência é quase total, sua impotência frente aos incômodos é similar. Ele chora, portanto. Melhor dizendo, ele urra.

O choro é chato para os outros, foi moldado assim pela seleção natural, para os pais tomarem uma providência que faça parar o choro e mantenha o filho vivo. Não será muito diferente, pela vida afora. Mas o bebê ganha potência, ele já pode chamar, dizer “Qué pêta!”, e seu problema é resolvido rapidinho. Quanto mais cresce, mais potência, logo, menos choro.

E o nosso choro de adultos, às vezes silencioso e solitário? Sua base continua a mesma, agora reduzida a duas situações: raiva impotente e pena de si mesmo.

“Ah, raiva impotente eu até aceito, minha filha mimadinha chora à toa, a cada vez que as coisas não saem do jeito que ela quer; mas eu, ter pena de mim? Quando entreguei minha filha no altar e chorei, eu estava com pena de mim mesma?”

Bem, você não estava sentindo-se com a missão cumprida, de tantas noites insones, tanto altruísmo e devoção à maternidade, tantas vezes que você se deixou em segundo plano para cuidar dela, tanto sacrifício feito e represado que agora chega ao fim? Essa catadupa de sentimentos não estaria condensada ali, naquela hora? O que é o choro do herói, o choro do mártir, o choro do abnegado?
“Ah, eu sou homem, não choro à toa, mas quando ouço o ‘Adagio for strings’, do Samuel Barber, eu me acabo de chorar. Onde está a pena de mim mesmo? Eu choro sim, mas de emoção frente à beleza”.

É curioso, mas os adágios são, em geral, “tears jerckers” (“puxadores de choro”). Vá ver “Morte em Veneza”, enquanto ouve o adágio da 5ª de Mahler, e identifique-se com a inescapável solidão do personagem principal. O que acontece? Você vai chorar… de pena de si mesmo. 






FALANDO DE SEXO: MEDO DE PERFORMANCE - O AMIGO PERGUNTA

 



“Já estamos casados há anos, eu amo minha mulher, mas meu desejo por ela vem decaindo e agora eu tenho medo de chegar perto, provocar expectativas e não ser capaz de cumpri-las. Tem saída?”

Francisco Daudt: Claro que tem. Você me disse que, não só a ama, mas que gosta de massagem e de carinho (dar e receber). Você sofre de um medo que é o maior inibidor sexual dos homens - e atualmente, das mulheres também -, o de não ter um bom desempenho de penetração, por ereção insuficiente/ausente. A própria cobrança é o suficiente para fazer broxar. No caso delas, a inibição é de ter orgasmo, a praga de “ter que ser boa de cama” chegou a elas também.

Com essa ideia na cabeça, eles não chegam nem perto, um do outro…

Se vocês tiverem um acordo de carinho, de chamego, sem linha de montagem para o intercurso, aliás, com o trato de não penetração, vão poder dar expressão erótica do amor que têm um pelo outro. Você vai ver: se a partilha intelectual já é boa; quando se soma à partilha afetiva, fica melhor ainda; se a erótica (de novo, sem incluir penetração) for acrescentada, aí então é uma beleza!

Eu não quero criar expectativas, mas um cliente a quem sugeri isso, na sessão seguinte me disse, com um sorriso maroto (e feliz): “Ih, ontem nós quebramos o trato, hehehe…”






O voo e o ninho

 



O destino de um pássaro é voar, está em seus genes. Mas, para voar ele precisa do ninho. O ninho o protege, aquece e alimenta enquanto suas penas não crescem, suas habilidades de vôo não se desenvolvem. Se o ninho o expulsa precocemente, ele se estatela no chão e morre. Mas se o ninho o prende além da conta, ele não aprende a voar, ele fica restrito àquele casulo, ele não cumpre seu destino.

O bom destino de um pássaro, portanto, depende de um delicado equilíbrio entre o voo e o ninho: excesso de ninho aleija o pássaro; falta de ninho o mata.

Conosco não é diferente: precisamos de colo, de amparo, de proteção para seguir nosso destino – se concordarmos que nosso bom destino é a independência e a autonomia do indivíduo que se formou.

Mas o equilíbrio necessário para essa formação, a conversa entre ninho e voo, entre colo e independência, é infinitamente mais complexa e delicada que a dos pássaros. Eles afinal estão programados pelo instinto, que a eles se impõe como força maior.

Nós, não. Nossa espécie tem um programa de aprendizado tão extraordinário, e um tempo de aprendizado tão enorme, que o instinto com que nascemos vai se colorindo de experiências e de memórias tão singulares que o produto resultante se distingue do instinto, e ganha assim um nome novo: desejo.

Desejo: esse programa oceânico e descomunal que nos rege mantém com o instinto relações de raiz. Sim, continuamos a querer reprodução como os pássaros querem, mas de forma bem mais complicada, para dizer o mínimo.

De tal forma que, sim, nós botaremos filhos no mundo. Agora, daí a ter habilidade e competência para levar bem o equilíbrio entre ninho e voo, ah, isso é outra conversa.

A menina de oito anos levou um bilhete escrito por ela para sua mãe: “Não suporto mais esse cárcere maldito! Libertem-me dos grilhões que me aprisionam”. A mãe leu o bilhete e disse: “Ai, que lindo! Vou grudar na geladeira”.

Para quem acha que a psicanálise tem mania de culpar os pais, devo dizer que não é bem isso. O que ela faz é rastrear a história das incompetências da criação de cada um. Você acha que a mãe daquela menina é culpada de algo? Não, ela foi apenas incompetente, incapaz de perceber que a filha se expressava assustadoramente bem, com um diagnóstico preciso do que se passava. Incapaz de corrigir-se e de corrigi-lo. Culpa implica má intenção, e é muito raro ver pais mal-intencionados em relação aos filhos.

Criar filhos é a profissão mais difícil que existe. Como ela é universalmente adotada, seja com talento e vocação, seja sem – o que é mais freqüente –, o que acontece é que somos resultado de um show de incompetências. Uns pássaros, ora aleijados, ora estropiados, de voo capenga, passando as incompetências de geração em geração.

A essas incompetências de criação que carregamos como um fardo pela vida afora, Freud deu o nome de Complexo de Édipo. Édipo, o pobre grego quase assassinado pelos pais biológicos, que teve sua origem escondida pelos pais adotivos, e como fruto dessa trapalhada acabou se casando com a própria mãe. E se culpou por isso!

Pobre diabo foi ele. Pobres diabos somos nós.






UM IDEAL ILUMINISTA - juntar exatas com humanas

 



Quando entendi o que foi/é o Iluminismo, descobri um rótulo bom para mim. Agora, além de ser um fervoroso democrata, um liberal nos costumes e na economia (capitalista civilizado, ciente de que os investimentos no social e na ecologia trazem grande retorno), eu também era um iluminista.

Ser um iluminista é ter como valores prezados, como bússola de navegação da própria vida, a razão, a ciência, a lógica, e a vontade de saber mais, com a humildade da ignorância e a desconfiança de certezas.

Um dos meus heróis do Iluminismo - ao lado de Darwin, Freud et al. - é Edward O. Wilson (1929-2021). Acabei de ler seu livro, “O Sentido da Existência Humana” (2014), e uma das coisas que me encantaram nele foi seu ideal iluminista de unir ciências humanas com as exatas, pois elas se realimentam e se complementam para… entender mais sobre o sentido da existência humana.

Meu exemplo maior é o desmonte da crença na tábula rasa, na ideia de que nascemos como um papel em branco onde a cultura escreverá nosso destino, nosso desejo, nossas ambições… e nossos defeitos.

A crença é um subproduto do marxismo - e sua tradução política (socialismo, comunismo) - que ambicionava construir o “novo homem”: despojado de ganância, completamente cooperativo, sem individualidades, como uma colônia de térmites, ou de formigas, onde todos trabalham em favor do coletivo. Para isso, bastava dar ao Estado Socialista o controle total da educação dos filhos.

Bem, sabemos os resultados disso. “Ah, mas a União Soviética usou mal o princípio, o que não significa que ele esteja errado”. É, o apego à crença da tábula rasa continua firme e forte nas humanas: são todos culturalistas, acham que não existe essa coisa de “natureza humana”.

Mas o psicanalista aqui, encantado com a psicologia evolucionista, está convencido que fatos biológicos simples como “mulheres engravidam; homens podem dar no pé” influenciam muito no comportamento.

Por isso, vejo com enorme prazer a possibilidade de as exatas conversarem cada vez mais com as humanas. Ou, como dizem os alemães, as “geisteswissenschaften” (as ciências da alma) possam ser parceiras do saber das “naturwissenschaften” (as ciências da natureza).

Porque nossa alma é um produto da natureza.