(Publicado em 01 de fevereiro de 2012)
Lendo sobre o arqueiro zen, que atinge seu alvo antes de disparar sua flecha, fiquei fascinado. Apenas não sei qual é meu alvo. Afinal, qual deve ser meu alvo?
Escrevi um livro, ele se chamava “O Aprendiz Do Desejo”. Acho que é a respeito disso que você me pergunta. Quando me questionam quem sou eu, costumo responder que sou aprendiz do meu desejo. E em que dia terminará esta busca? No dia da minha morte, respondo. É uma tarefa que leva a vida inteira. Uma tarefa? Um trabalho? Uma coisa pesada e tediosa? Não. Um deleite, o bom combate, um projeto de vida. Uma reflexão cheia de delicadezas, de minúcias, de sutilezas que vai decantando descobertas sobre mim que servem de estímulo para descobertas sobre o outro. Minhas singularidades produzem respeito e admiração sobre outras singularidades, e, se você já leu minhas respostas neste espaço, já deve ter uma idéia do que estou falando. Eu me encanto com a divergência das singularidades. Este encantamento deriva da descoberta de que o alvo não está fora, mas dentro de nós, dentro de nosso coração. O arqueiro zen não quer controle (de qualquer maneira, impossível), quer precisão. “Navegar é preciso, viver não é preciso”. Pense nessa famosa frase trocando o substantivo pelo verbo. Em vez da necessidade, a precisão. Descubra a beleza que existe em seus valores, e faça dela seu alvo.