quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Natureza Humana: Cotidiano

 (Publicado em 22 de novembro de 2011)


Os anos passam voando, são os dias que passam lentos. Temos que viver 24 horas por dia. Há gente que não as vive, é vivida. É a tal da “vida leva eu”. E se entregam ao que lhes é imposto, a rotina do trabalho ditado por quem deles não gostam nem se importam, só mandam. Alguns tornam-se workahollics, viciados em trabalho, movidos por um principal propósito: chegar tarde em casa para não ter que encontrar com a família, que lhes é um fardo, mas, como ótimos provedores, têm o álibi perfeito: o trabalho. E madame, com seu cartão de crédito, não vai reclamar.

Há uma cena do filme “Rocky, o lutador” em que o treinador pergunta para o Sylvester Stallone se ele quer ser faxineiro ali pelo resto da vida, percebendo nele um potencial de lutador de boxe. “It’s a living…” (“É um jeito de ganhar a vida…”), responde Stallone, com uma expressão completamente desolada. Mas também poderia ser traduzido como “É um jeito de esperar a morte…”

Quantos de nós ficamos conformados com o “It’s a living…”? Sinto muito pela minha pergunta, pois ela pode te provocar incômodo, mas… você não é um destes?

Meu ponto é: existe alguém aí dentro, para além do turbilhão das idéias que nos deixa confusos? Alguém que, em algum momento da sua juventude, teve idéias e ambições bonitas, vontade de guiar a própria vida na direção, não direi do desafio, mas da maneira mais suave e confortável de embarcar nos bondes que nos levassem para mais perto de uma vida bela?

“Ah, eu não tive esta chance, meu pai me pôs para ralar na padaria desde que eu tinha treze anos, ele era um português durão, que não tolerava indisciplina. Talvez, por isto, eu seja hoje tão bem sucedido, pois sei fazer tudo muito bem feito, e sei comandar”. Ah, então hoje em dia você manda na própria vida, não deixa a vida te levar? Pois direi que teu pai foi sábio. Olhe só o que acontece com pessoas como você hoje em dia: Para não se parecerem durões como seu pai foi, criam seus filhos com moleza, eles os mimam, antecipam-se ao que poderia ser suas vontades e os enchem de brinquedos eletrônicos, e de toda espécie, mesmo antes que eles os queiram, gerando bundões sem vontades, parasitas encostados. Aprendi que, em inglês, eles não são mais “spoileds” (mimados, ou estragados), hoje em dia se chamam “entitleds” (pessoas que têm direitos a qualquer coisa, e se revoltam se algo lhes é negado).

Vocês viram o que os adolescentes franceses fizeram quando lhes foi proposto que a aposentadoria passaria de 60 anos para 62? Foram para as ruas e queimaram carros, em completa revolta! É porque a social-democracia em que cresceram lhes prometeu parasitismo, colo e mimo.

O populismo de nosso governo te parece semelhante? Pois então, o necessário “Ministério do Vai dar Merda” adverte, você pode fazer alguma coisa por sua vida e pela vida de sua família.

Não transporte esta forma de governo para sua família. Não dê nada aos filhos que eles não queiram muito, que não peçam muito e que não façam por onde. Ensinem-lhes a dirigirem suas vidas.

Material publicado na coluna “Natureza Humana”, da Folha de São Paulo.

Natureza Humana: Me Engana Que Eu Gosto

 (Publicado em 15 de novembro de 2011)


“Eu prefiro sonhar a ser triste”, disse o portuga da novela para Griselda, seu amor impossível. É, eu vejo novela de vez em quando, já que é a principal fonte de reflexão sobre assuntos nunca pensados pela maioria dos brasileiros.

Raramente vi uma síntese tão bonita do “me engana que eu gosto” quanto esta.

Nossa espécie não gosta muito da verdade, apesar de ser capaz de concebê-la e assimilá-la, às vezes. É só pensar quantos crêem na continuação da vida após a morte, mesmo sabendo que nenhum Windows roda depois que o disco rígido queima, que não há software sem hardware para fazê-lo funcionar, que não há alma que sobreviva a um cérebro morto. Você já tomou anestesia geral? Uma situação em que o cérebro fica inoperante? Então já experimentou o sentimento do “nada”. Não há sensações, nem memórias, não há nada. Você já experimentou a morte.

Quem somos nós? Um programa “Eu” que roda entre as conexões de nossos neurônios, e nos dá a ilusão de existirmos. Entre outras ilusões: a de controle (tal coisa não existe, nem para atravessar uma rua: espere o sinal, olhe para os dois lados e você estará aumentando suas chances de chegar vivo ao outro lado); de sermos quem manda em nossas vontades, sem levar em consideração a natureza (pense nas vezes que você transou sem camisinha).

Uma de nossas ilusões é o tamanho do livre arbítrio (ou, escolha nossa, livre de condicionamentos culturais ou genéticos). Meus professores jesuítas diziam que Adão exerceu o livre arbítrio ao comer o fruto da arvore do conhecimento, e por isto foi expulso do paraíso. “Mas, padre, se o Criador lhe deu curiosidade, foi seu modelo ideal, pôs a seu alcance o instrumento de torná-lo semelhante a seu Pai, ainda com o poder de divergir da opinião Dele, o que restava a Adão, senão querer aquele fruto?” A ilusão do Livre arbítrio inaugurou-se na mordida da maçã, à força.

Esta lenda é um marco histórico da eterna conversa entre a consciência e a auto-ilusão, que é o que nos permite ir, às vezes mais para um lado (Copérnico, a dizer que não era a Terra o centro do Universo), às vezes para o outro (as várias maneiras de negar a morte, iniciadas há mais de 100.000 anos, com os rituais fúnebres, o que estabelece o começo de nossa espécie: sabemos que vamos morrer, mas “continuaremos vivos”).

Você tem visto as propagandas eleitorais na TV. Preciso dizer mais em relação ao “me engana que eu gosto”? Está bem, nos últimos anos mergulhamos num clima de cinismo sem comparação, ministros corruptos são demitidos com lágrimas e elogios, mas mesmo assim…

A saúde mental combina uma confortável associação de busca da verdade e desprezo por verdades muito incômodas. Portanto, a crença na vida eterna não é nenhuma doença, e vivermos sem pensar na morte, pois estamos vivos, é um equilíbrio. Mas a obsessão pela morte a ponto de se explodir em nome de uma causa, para chegar ao paraíso, certamente é uma doença.

Um ditado dá num bom acordo: “A morte é um momento, e não me roubará da vida nada mais do que ela é, seu momento”.

Material publicado na coluna “Natureza Humana”, da Folha de São Paulo.

Natureza Humana: Sogra

 (Publicado em 12 de novembro de 2011)


A amiga me conta que seu ex-marido, professor de filosofia, ensinou em aula o silogismo (conclusão que resulta de duas constatações afins) clássico, “Sócrates é homem, os homens são mortais, donde Sócrates é mortal”, mas chamou-a para ver o que um aluno havia escrito na prova: “Sogra é homem; os homens são mortais, donde sogra é mortal”.

Quando ela me contou o episódio, tivemos um ataque de riso prolongado, até que me lembrei do conceito de representação psíquica em psicanálise. Você deve conhecer a expressão “como um burro olhando para um palácio”, que pretende dizer sobre a falta de sentido que um palácio faz para um burro e a quantidade de sentidos que faz para nós. Nunca podemos afirmar que o que vimos ou ouvimos foi o mesmo que o outro viu, ou ouviu.

Foi quando paramos para refletir nas camadas de sentidos da frase que nos fez gargalhar. A primeira, mais rasa, era da ignorância do aluno que confundiu Sócrates com sogra, por nunca ter ouvido falar dele. Abaixo havia outra graça: “sogra é homem”, que aludia à indisposição que temos com as sogras em geral. Mais adiante a afirmação de que “sogra é mortal”, com seu duplo sentido de que irá morrer e de que pode matar, como uma jararaca.

Platão, criador do jeito ocidental de pensar, concebeu um ideal, algo longe dos mortais e só existente nas idéias.

Quando Freud concebeu o superego, um programa psíquico que, em alemão, está acima de nós (das über-ich), foi influenciado pela leitura de Platão, entendendo que temos na cabeça um observador idealizado que nos cobra e nos critica, comparando o que fazemos com o que deveríamos fazer (mas Freud dizia que o temos na cabeça, não que ele era o certo a seguir).

Para Platão, se alguém tentasse partir do ideal para fazer alguma coisa, ela só poderia ser uma cópia (algo menor), mesmo que aparentada com ele. Se a cópia ganhasse, ainda parente do ideal, vida própria e independente, ele a chamaria de simulacro, cada vez mais desprezível, pois mais distante do ideal.

Então o homem não poderia fazer algo parente do ideal, Platão? Que ideal doido!

Concluímos que a sogra mortal era tão engraçada porque tinha vida própria, era um simulacro.

Passei a admirar o simulacro, como os filósofos franceses o fazem, ainda que me irritem por não serem claros.

Quando Steve Jobs viu o mouse e os ícones de tela na Xerox, imaginou pessoas comuns lidando com um computador pessoal sem precisar de especialização, para seu prazer, lazer, comunicação e aprendizado. Foi daí que nasceu o Macintosh, o simulacro com vida própria.

Mas “simulacro” soa mal, como algo falso. Pensei logo em Paulo Freire, o educador que afirmou: “Quem realmente apreende algum ensinamento, torna-se autor também, e dele pode falar a partir desta posição” (mas cite o autor original, ok? É melhor).

Traduzir bem o simulacro de Platão é um problema. Mas me encanta assistir como se processa a inventividade humana, seja por criatividade ou por equívocos; acasos (como a penicilina foi descoberta) ou atos falhos, como o da sogra.

Material publicado na coluna “Natureza Humana”, da Folha de São Paulo.

Natureza Humana: Identificação

 (Publicado em 11 de novembro de 2011)


Lá estava eu, em 1973, um jovem de 25 anos, querendo saber qual era o melhor serviço de gastroenterologia do Brasil para fazer minha formação (antes de ser psicanalista, fui gastroenterologista por cinco anos). Informou-me um médico respeitado que eu deveria procurar o Professor Alvariz no Hospital de Bonsucesso, RJ. Não havia nada melhor no Brasil. Pedi ao Professor, com a recomendação daquele médico, para fazer com ele um estágio de um ano. Ele foi me avisando: não podia dar certificado, pois o INSS poderia ser processado por vínculo empregatício. Não me interessava ser empregado, e sim aprender com ele.

Este foi o ano da minha libertação da escolaridade: nunca mais teria que estudar coisas indesejáveis. Só estudaria aquilo de que gostava. Foi assim que passei a estudar como nunca havia estudado: por gosto! Primeiro, gastroenterologia e doenças do fígado (a parte mais difícil da especialidade, e o xodó do professor, formado pelo Dr. Popper nos Estados Unidos, Nec plus ultra: nada acima).

 

O que isto tem a ver com o processo de identificação? É que este processo é capaz de formar nosso Ego (Eu, em latim) e nosso Superego (Acima de mim). Se, pela sua educação, você foi obrigado a entubar conceitos odiados, posturas autoritárias, críticas ácidas, humor sarcástico demolidor, discriminações de superior e inferior com soberba, autocríticas demolidoras, idéias catastróficas, pensamentos paranóicos, olhar amargo sobre a humanidade, além de amarguras em geral, bem, formaram em você um Superego cruel (o superego, em sua origem, é um programa protetor do que nos pode pôr em perigo, parte de nossa defesa, além de nos dar vontade de ser melhor).

Outra coisa completamente diferente é a formação do Ego, um programa de software que roda em nosso cérebro, dando-nos a sensação de que existimos, e que sabemos que existimos, talvez a prerrogativa de nossa espécie, o homem que sabe que sabe (homo sapiens sapiens).

Este é formado por encaixe de nosso desejo com coisas que ele aprecia. Como já expliquei antes, o desejo não é a mesma coisa que a vontade, é uma trama muito mais complexa. Ele começa com nossos instintos animais, e vai se enriquecendo com aquilo que o atrai. A admiração é uma dessas coisas. Mas tudo começa com a imitação. Pense no nosso aprendizado da língua: imitamos o português que ouvimos: sotaque; sofisticação, ou falta dela; riqueza ou pobreza vocabular.

Depois da imitação vem a elaboração. Ela é também um conjunto de imitações diversas que vão compondo uma construção sofisticada, como uma trama de tecido sem costuras, já não se sabe de onde se tirou cada pedaço, de tal maneira que o produto final, o Eu, torna-se autor. Não é mais cópia. É algo que tem existência própria. Freud o considerava como a base da construção do sujeito (lembra da gramática: sujeito, verbo e predicado? Eu= sujeito; escrevi= verbo; este artigo= predicado), do Eu, pois não mais orbita em sua origem, ainda que a reverencie como exemplo, o que faço com o Prof. Alvariz.

Material publicado na coluna “Natureza Humana”, da Folha de São Paulo.

Natureza Humana: Histeria

 (Publicado em 09 de outubro de 2011)


A amiga pergunta o que leva as mulheres a gritarem, se descabelar e a chorar diante de um Justin Bieber da vida? É histeria? Anos de treino de pensamento complexo quando se trata do cérebro humano produzem a primeira resposta automática: “Nunca é uma coisa só, mas a pergunta é ótima, não havia pensado a respeito”. Ela já está acostumada a que eu leve uns dias até começar a produzir respostas (ou melhor, hipóteses). Elas virão grifadas. A primeira é histórica: nunca antes de Frank Sinatra (anos 40) houve este tipo de manifestação, donde, para durar até hoje, ele é mais que um modismo, é uma alteração dos costumes. Está certo que mulheres desmaiavam frente ao Lord Byron (que unia a fama a uma beleza ímpar), num tempo em que era moda desmaiar, coisa não muito difícil para quem usava aqueles espartilhos. Tempos dos sais de cheiro (“Ai, meus sais” se referia aos sais de amônia em vidrinhos que elas carregavam nas bolsas, tão irritantes ao olfato que as despertavam de fato). O curioso é que, quanto mais da alta classe, menos elas desmaiavam. O que nos leva ao componente do inatingível. Ora, Byron lhes era atingível (a elas e aos rapazes, que também lhe apreciavam). É também certo que houve uma epidemia de suicídios quando Rodolfo Valentino morreu. Um ato solitário, o que nos leva a outra hipótese: a manifestação de turba, ou seja, há a necessidade exibicionista de espectadores para o transtorno. Ao mesmo tempo ocorre a existência das grupies, moças que acompanham turnês de ídolos, contabilizando e disputando o número daqueles para quem se entregaram sexualmente. Agora sim podemos considerar o componente erótico do processo. A histeria foi descrita por Freud como a manifestação sintomática da repressão do desejo sexual: desmaios, paralisias e cegueiras eram comuns nos séculos 19 e começo dos 20, como reação ao horror de ver seus desejos sexuais aflorarem, majoritariamente entre as mulheres, assim como os desvarios atuais se repetem quase que exclusivamente entre mulheres e homens gays, o que nos dá que é uma característica do feminino. Vamos então ao que elas dizem: que são apaixonadas por seus ídolos. Ora, a paixão é um estado em que a pessoa se envolve, não com alguém, mas com a idealização de alguém. Some-se o ídolo (o super- idealizável dada sua inacessibilidade) com a sacralização do desejo sexual que a paixão produz (e isto ainda é uma presença forte para que uma mulher não se confunda com uma prostituta) e você terá as condições necessárias para demonstrações de adoração, que adoçam as manifestações de tesão. Mas ainda falta a alteração dos costumes. Por que só após Frank Sinatra, só no final dos anos 40? Minha hipótese está no clima do pós-guerra. Mulheres ficaram sozinhas, trabalharam, sustentaram suas casas, tiveram inúmeros casos extraconjugais enquanto seus maridos lutavam, ganharam independência e prerrogativas masculinas. Estavam em condições de demonstrar seus desejos, e os mostraram. A primeira revolução sexual foi o pós-guerra, não a pílula.

Material publicado na coluna “Natureza Humana”, da Folha de São Paulo.

Natureza Humana: O Sentido da Vida Parte 2

 (Publicado em 03 de setembro de 2011)


A primeira vez em que eu escrevi sobre o sentido da vida, mostrei o que mãe natureza nos dá (quase nos impõe) sem que saibamos. Desta vez vou dizer o que podemos fazer com esta tentativa de tirania biológica.

O sentido da vida é nenhum, a menos que você considere a palavra sentido como uma direção. Ok, a direção da vida é uma só, produzir mais vida.

Fora isso, lembro-me quando meu filho, aos seis anos, me veio com esta pergunta: “Pai, qual é o sentido da vida?” Respondi: “Filho, qual é o sentido da pedra? Nenhum? Pois então, tanto a pedra como a vida são fenômenos da natureza, e eles não têm nenhuma sentido”. Eu estava lhe dando uma resposta à altura de seus seis anos, mas de tanto ouvir esta pergunta no consultório, principalmente vinda de pessoas deprimidas, que não achavam graça em nada, muito menos sentido em suas vidas, subitamente me dei conta: embora a vida, ela própria, não tenha sentido algum, somos nós, os donos dela, que lhe damos sentido e graça. Através de uma misteriosa e inconsciente força motriz: o desejo. Não confundir com vontade, que é uma das expressões conscientes dele.

Em psicanálise, o desejo é um universo que mora em nosso inconsciente. Tudo o que fazemos é movido por ele. Freud notou que, como todos os mamíferos, nós tínhamos instintos. Mas que estes instintos eram moldados de forma única pela nossa criação. Há mamíferos que passam pelo mesmo processo (quem tem um cão sabe disso). Portanto ele chamou nossos instintos moldáveis de triebe, em inglês drive, em português impulso (que foi mal traduzido do francês para pulsão). Estes impulsos são ricamente coloridos pelas nossas experiências, de tal forma que o acarajé que eu adoro significa algo completamente diferente daquele que você come, pois nossas memórias ligadas a ele são diferentes.

Quando o desejo, esta constelação de memórias ligadas ao impulso, se manifesta (e ele pode se manifestar em coisas boas como o acarajé, e em coisas sofridas como a paixão – a propósito, passio, o latim de onde veio a paixão, só admite uma tradução: sofrimento) e encontra seu objeto de satisfação, a vida ganha sentido, brilho e intensidade, mas é um sentido saído de nós. Nós é que plugamos um cabo USB em alguma coisa, que a faz brilhar e ter sentido. “Não sei o que ele vê naquela sirigaita…” Claro que você não sabe, você não tem o código de memórias dele!

Eu me lembro de uma cena de filme, “O pecado mora ao lado”, em que a atriz (Marilyn Monroe) define música clássica como “aquela que não tem letra”, enquanto a vitrola toca meu amado Rachmaninoff nº 2, piano e orquestra. Estes senhores mortos, ele, Bach, Beethoven, Debussy, Ravel e tantos outros, têm dado sentido à minha vida, um sabor que se perderá em duas únicas circunstâncias: quando a indesejada das gentes chegar, ou se um dia a depressão me acometer, uma doença que apaga o sentido da vida e faz muita gente se matar.

Material publicado na coluna “Natureza Humana”, da Folha de São Paulo.

Natureza Humana: Vários Amores

 (Publicado em 17 de julho de 2011)


Amor. Amor? Dá uma olhadinha no dicionário Houaiss só para ter uma idéia da vastidão do significado. Ih! Eu tenho viajado na internet, no Google, na Wikepedia, além dos meus vários dicionários eletrônicos, antes de ir aos meus amados livros de papel, o “José Pedro de Andrade”, melhor dicionário etimológico da língua portuguesa não há, o etimológico Oxford da língua inglesa, o “Petit Robert”, que de pequeno não tem nada, ou no Laudelino Freire (só para descobrir que eu não estava senão defasado a pôr circunflexo em agosto, desgosto de ser velho).

Quantos amores a gente tem, quantos recebe? Meus filhos dizem que me amam. Mas, o que é o amor de um filho? É verdade que pode ir além do gostar daquilo que fazemos por eles (e pais que gostam de ser pais, fazem muito)

Material publicado na coluna “Natureza Humana”, da Folha de São Paulo.