terça-feira, 23 de julho de 2024

GENÉTICA OU CULTURA?

 



Aguinaldo Silva, de quem a mãe de meus filhos foi coautora em “Fina Estampa”, conta em sua autobiografia que sofreu na infância por ter sido gay efeminado desde sempre, e só ter encontrado meninos como ele depois dos 13 anos.

Até então, sofreu bullying na escola e se julgava alguma aberração da natureza, pois nunca havia visto ninguém com quem se identificasse.

Isso me chamou especial atenção, pois tenho encontrado psicanalistas que creem na tábula rasa, na ideia de que nascemos como uma folha em branco em que a cultura/criação escreverá cada um de nossos traços.

Não quero me estender sobre tema tão óbvio, mas eu lhes pergunto, sobre a própria orientação sexual: qual o motivo de a incidência mundial de gays ser percentualmente idêntica em todos os cantos da Terra, mesmo entre povos nativos sem contato com outras culturas?

Mesmo entre os gays masculinos, os efeminados - percentual fixo também - o são desde pequenos: ninguém lhes ensinou os trejeitos, a escolha de brincar de bonecas e de casinha, a aversão aos esportes musculares, e outros traços femininos que muita gente ainda julga puramente culturais.

Steven Pinker, em seu livro “Tabula Rasa”, lista cerca de quinhentos comportamentos idênticos em todas as culturas , os chamados “Universais”, desde os básicos (busca de prazer, busca de justiça, busca de que as coisas façam sentido, medos inatos como desamparo, escuro, altura, cobras etc.) até outros mais elaborados, como capacidade de absorver linguagem, cuidar de filhos, cooperação etc.

Essa é a maior contribuição da Psicologia Evolucionista à psicanalise: como a natureza humana (traços herdados que nos fazem únicos) interage com nossa criação.

É justamente o atropelo de nossas características únicas herdadas que formará nosso Superego e causará mais tarde as doenças psíquicas. 








Nenhum comentário:

Postar um comentário