Em termos gerais, o Desejo é o motor de nossa sobrevivência e da sobrevivência da espécie, sendo que nossa sobrevivência serve à sobrevivência da espécie, pela procriação.
O Desejo opera em nós através do desconforto em busca de conforto. Nascemos com três desejos básicos: de prazer; de justiça; de que as coisas façam sentido.
PRAZER: O desejo de prazer tem vários desconfortos – ou tensões – para nos mover em direção ao conforto: a fome, que busca o prazer da comida; a sede, busca o da bebida; o tesão, busca o do sexo; a dor, busca o alívio.
Pode parecer estranho chamar o desejo de desconforto, pois nós somos capazes de apreciar o desejo… se o desconforto for moderado, e se o conforto estiver acessível.
Por exemplo: a fome moderada chama-se “apetite”, e ele nos dá água na boca, por antecipação imaginada do prazer específico de uma comida gostosa. O mesmo se passa com a sede. O tesão sempre conta com a masturbação como alívio, mas ele pode bem se parecer com o apetite gostoso, caso o seu objeto esteja ao alcance. A dor pode ser gostosa como o apetite, e podemos até buscá-la, se o seu alívio estiver sob nosso controle (a sauna, o frio e o exercício fisico, por exemplo).
JUSTIÇA: o desejo de buscar justiça é movido pelo desconforto da raiva que a injustiça nos causa. A raiva é a resposta genética frente à injustiça, assim como a fome e a sede o são, frente às privações.
Seu alívio pode ser tosco, como na vingança, p.ex., ou pode ser bem construído e eficiente, como nas negociações que levam em conta ambas as partes (promotoria e defesa, p.ex.).
Também existe um prazer parecido com o apetite, na busca de justiça, quando a própria injustiça é provocada, e o fazer justiça se torna uma brincadeira sob nosso controle e alcance (como nos filmes de ação, nos jogos competitivos e nos videogames, p.ex.).
FAZER SENTIDO: seu desconforto é a perplexidade e a intriga. Seu conforto buscado serve à sobrevivência e a ter as coisas sob controle, inclusive a busca dos outros prazeres.
O desconforto pode ser intenso, como por exemplo nas doenças, nas pragas, nas variações do clima, que só vieram a fazer sentido e nos dar certo controle através da ciência.
Mas o desconforto moderado pode ser gostoso, pode ser uma brincadeira, como nas pesquisas, nos livros e filmes de investigação criminal, por exemplo.
Esses desejos conversam entre si, e toda essa conversa serve àquelas duas motivações iniciais: sobrevivência e à procriação.
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