Vício de domínio-submissão é uma compulsão danosa de ter outros sob seu poder, ou de se entregar submisso a esse poder, ou as duas coisas aplicadas a pessoas diferentes.
O vício de domínio-submissão é derivado da relação que temos com nosso Superego desde o início.
Como o Superego é formado absorvendo leis e valores impostos na base da chantagem (“ou aceita, ou eu te desamparo”), mantemos com ele essa relação de submissão ou de rebeldia, de vingança contra suas imposições, como é o caso dos obsessivos contraculturais, como se fosse uma tentativa de dominá-lo, em vez de submeter a ele, mas que continua prisioneiro dele, só que pelo avesso.
Uma modalidade de vício de domínio-submissão especialmente perversa é a induzida pela falta de autoridade de pais que mimam os filhos: eles se põem submissos aos filhos por “medo de que os filhos não venham a amá-los”, ou por medo de “serem opressores”, ou por confundir mimo com “o amor que devem ter pelos filhos”.
Nesse caso, os pais fazem de seus filhos pequenos tiranos, viciados desde a infância no domínio-submissão inverso: os pais submissos aos filhos. A doença do mimo é o vício de domínio-submissão inverso.
Novamente, as relações de domínio-submissão podem não ser viciosas se não causarem dano. A própria relação que tivemos com nossos pais e amparadores da infância não deixa de ser de domínio-submissão, dada a discrepância de poderes que ela continha.
Mas a submissão por confiança (como a que temos com um cirurgião que nos opera, p.ex.) é diferente da submissão por medo de desamparo, e é essa diferença que vai começar a estabelecer a fronteira entre saúde e vício.
O problema dessa fronteira entre domínio-submissão por confiança e a por medo é que essa, a por medo, é nossa relação com o Superego desde o início.
Se nossos pais usaram mais da autoridade do saber (a autoridade baseada no convencimento e no respeito a inteligência da criança), eles transmitiram valores para a pessoa da criança, para seu Ego.
Se a autoridade usada foi a de imposição por medo do desamparo, esses valores foram para o Superego, e vão formar base para possíveis doenças neuróticas e viciosas pela vida afora, com três vícios mais típicos daí derivados: o vício de domínio-submissão, o vício sadomasoquista básico e o vício sadomasoquista fodão-merda.
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