segunda-feira, 25 de março de 2024

KASPAR HAUSER, A CRIANÇA CONGELADA


Quando se vai saindo de uma doença psíquica, e a psicanálise precisa estar bem atenta e compreensiva quanto a isso, a pessoa começa a descongelar uma criança que morava dentro de si, e que foi mantida pela doença no porão da mente, como um Kaspar Hauser.

Foi por incompetência para gerenciar raiva e desejo erótico que a criança desenvolveu doença psíquica, pois não sabia negociar com o mundo. Ao sair dela, vai ter que aprender tudo como se fosse pela primeira vez. 
Vai se ver desastrada, como qualquer aprendiz. Vai se cobrar perfeição, vai se criticar, pois o Superego ainda não mudou. 

Cabe ao psicanalista: o acolhimento desse aprendizado; o debate com o Superego do cliente para que ele baixe a bola em suas cobranças; o ensinamento tolerante de que não há absorção de novo conhecimento sem erros, de que os erros fazem parte do processo.

É assim que a saúde ganha terreno sobre a doença, que o cliente (seu Eu, seu Ego) se torna percentualmente mais “dono da empresa”, que o Superego diminui seu poder tirânico.



 

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