sábado, 23 de setembro de 2023

ZONAS ERÓGENAS E ORIENTAÇÃO SEXUAL

 



“Descobri com uma parceira muito ativa e criativa que tenho sensibilidade anal. Adorei, mas… fiquei preocupado. Seria um sinal de homoerotismo latente? Tem chances de eu ser gay?”

Francisco Daudt: Eu tenho ouvido a mesma pergunta no consultório, muitas vezes, de clientes que já estiveram em outras análises e infelizmente escutaram absurdos de seus terapeutas. Minha pesquisa informal me mostra que a ignorância e o preconceito quanto ao assunto também atingem a muitos analistas.

Mas, vamos lá. A distribuição de zonas erógenas em cada indivíduo é fruto da loteria genética. E não estou falando só de homens, não. Há inúmeras mulheres que não têm o canal vaginal como zona erógena, e por isso só conseguem orgasmos clitorianos.

Aliás, nem o canal vaginal, nem os mamilos. Assim como há homens nascidos com a sorte de tê-los, tanto os mamilos quanto o canal retal, como fontes de extremo prazer: se bem cuidados, podem haver orgasmos anais e mamilares (ambos sem ejaculação, idênticos aos de mulheres).

Retornando então à sua pergunta: não, não há nenhuma correlação entre sensibilidade anal e orientação sexual. Já atendi a gays passivos que tinham prazer em ser possuídos, mas um prazer exclusivamente emocional, psicológico, quase nenhum físico, pois não haviam nascido com aquela sorte. Frequentemente se masturbavam durante a penetração, assim como fazem muitas mulheres.

Em contrapartida, uma cliente especialmente ativa e criativa me disse que ela sempre pesquisa o prazer ano-retal de seus parceiros, e que tem encontrado alto índice de deslumbramento, nesse setor. Ou, em suas palavras, num primor de concisão, “c*zinho de hétero é o paraíso perdido!”.



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