DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE Capítulo 6º Neuroses 4
Melancolia
É uma forma de luto patológico. Está entre neurose e vício sadomasoquista. Não tem a ver com a concepção comum de “pessoa melancólica” (triste, depressiva, ensimesmada).
Melancolia (do grego, melanos = preto + cholis = bile), originalmente significa “envenenamento pela bile negra”. Os antigos consideravam o fígado como produtor de “maus humores”.
Dessa concepção vieram: “inimigo figadal”, “pensar com o fígado”, “indivíduo bilioso” (de mau humor), “atrabiliário” (mau humor da bile negra), todas expressões em desuso.
Freud a usou para conceituar uma modalidade doentia de luto: a pessoa absorveria o jeito cruel de um pai ou mãe perdidos, passaria a agir cruelmente com os outros como eles, e em seguida morreria de culpa e de severas autocríticas por ter se comportado assim.
Com isso “manteria viva” a relação perdida, em sua modalidade sadomasoquista: criticaria o defunto em si mesma; seria a um tempo (ou em dois tempos) a mãe cruel (1º tempo) e a filha que nunca a pôde criticar (2º tempo).
Hoje em dia, depois de ter acompanhado várias relações entre filhos/as e mães/pais narcisistas, creio que estamos falando da mesma coisa: a origem desse luto estaria na relação sadomasoquista com o narcisista, que, na impossibilidade de ter-se resolvido na relação original, se “reviveria” na relação entre a pessoa e aquelas a quem ela fere atualmente… mas com esse tipo de remorso, a auto-recriminação grave, o autoesculacho cruel.
Ou seja, a melancolia é um autoenvenenamento…
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