segunda-feira, 17 de julho de 2023

DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 6º capítulo - Neuroses 3

 


DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 6º capítulo - Neuroses 3

Neurose histérica

Ela é resultado da repressão do desejo sexual, que o Superego da pessoa considera como algo degradado, através de dois antimodelos: a puta, para o desejo hétero das mulheres; e o viado, para o desejo homoerótico dos homens.

Desse modo, quando o desejo surge, o Superego acusa, a angústia aparece. É a hora de entrar a repressão, como mecanismo de defesa.

A repressão, como vimos, desaparece com a consciência do desejo e a substitui por algo irreconhecível. No caso da histeria, o substituto é alguma anomalia corporal: a cegueira, a paralisia, o desmaio etc. Sempre corporal, sempre referido ao desejo inicial, sempre de início súbito, relacionado com o momento em que o desejo proibido foi despertado.

A partir dali, o problema estava deslocado: não era mais uma questão de desejo, e sim de saúde corporal. Não há mais angústia: há sintoma.

Na primeira vez em que Freud pôde entender o conteúdo do sintoma histérico, a paciente (Anna O.) estava com uma paralisia do braço que a mantinha com a mão estendida.

Pela hipnose (feita por Joseph Breuer), puderam saber que ela havia visto o pênis do pai pelo pijama entreaberto, e desejado estender a mão para tocá-lo. Foi quando a paralisia se deu… mas manteve a mão estendida: uma espécie de solução de compromisso entre o desejo e sua proibição.

Como ela é resultado da repressão do desejo sexual, e os costumes mudaram, a histeria está ficando cada vez mais rara. O último cliente que entrou com sintoma histérico no meu consultório foi há mais de 30 anos, e o desejo em questão era homoerótico pedófilo. Ele virou a cabeça para observar a bundinha de um menino de doze anos na piscina, e na mesma hora se instalou um torcicolo severo. Entrou na sessão usando um colar de Minerva para imobilização da cervical.

A investigação descobriu o que descrevi acima, discutimos seu direito ao desejo, a diferença entre pensar (não causa dano a ninguém) e agir, pusemos em questão a tirania das leis de seu Superego, e… ele retirou o colar, curado do torcicolo: uma daquelas curas, dramáticas e clássicas, da histeria.

Mas no século XIX, quando Freud a descreveu, a coisa era tão comum que havia até a personalidade histérica: a mulher (majoritariamente) hipersedutora, jogando charme sem parar, até que o homem tomasse um passo adiante. Nessa hora, ela, escandalizada, dizia: “Mas o que você está pensando? Não é nada disso, eu não sou dessas, eu só estava sendo simpática!”

Ou seja, ela foi levada por seu Superego a encontrar um jeito de dizer que são os outros os erotizados, que ela não tinha desejo nenhum. Um mecanismo de defesa chamado “projeção”, uma espécie de terceirização do crime.

Novamente, hoje em dia ainda é possível se encontrar comportamentos histéricos, mas em homens, que são levados a terceirizar seus desejos homoeróticos: altamente sedutores de outros homens, até que alguém lhes dê uma cantada. Reagirão com escândalo… ou mesmo violência.







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