domingo, 21 de maio de 2023

DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 4º capítulo - Angústia, e os mecanismos de defesa contra ela: Inibição e Sintoma

 


DIAGNÓSTICOS EM PSICANÁLISE 4º capítulo

Angústia, e os mecanismos de defesa contra ela: Inibição e Sintoma

Angústia:
“Aperto”, é o significado da palavra de origem. “Angst” significa “medo”, em alemão. É medo que dá um aperto no peito ou na boca do estômago.

Há vários medos naturais (escuridão, altura, confinamento, grandes felinos, répteis, grandes insetos voadores etc.), mas a angústia vem principalmente do maior medo da humanidade: o medo do desamparo.

Sua principal fonte é a imaginação: “fiz merda, vou ser abandonado, expulso, deserdado, desamado, preterido, difamado, demitido, cancelado, bloqueado, exilado, degredado, desprezado, difamado, segregado, escorraçado, desempregado, rejeitado, repudiado, abominado…”

Pela quantidade de verbos correlatos, pode-se ter a dimensão do terror que desamparo representa para nossa espécie. Um terror que vem da infância: não há outra espécie que tanto dependa de amparo como a nossa.

Há outra fonte de angústia não claramente relacionada com medo: a angústia de raiva impotente, uma das geradoras dos estados depressivos.

A presença da angústia dispara mecanismos que nos defendam dela, mesmo a altos custos - como os das doenças psíquicas. Algo como “é melhor ter a doença do que ter a angústia”.

Inibição:

A inibição é um mecanismo preventivo de defesa contra o medo do desamparo: evitar o seu risco.

Como funciona: num processo de trinta passos para alcançar um objetivo de seu desejo, algo de muito ruim é imaginado no passo 13, e por isso não se dá o passo 1.

É claro que, se você se imagina tendo que ir cumprir uma obrigação chata, e se imagina num ambiente hostil e entediante, e como resultado acaba não indo, isso não se chama inibição, chama-se sabedoria.

A inibição impede a realização de um desejo seu: “Ah, se eu for lá falar com ela, ela vai ver que eu não sou desejável e vai me rejeitar; melhor não ir…”. Eis um caso de inibição verdadeira.

O que não costuma ser verdadeiro é o horror imaginado do passo 13. Em geral, ele é o fruto do mau julgamento que o Superego faz:

a) do inibido: “indesejável”, “insuficiente”, “incapaz” etc.

b) do mundo externo: “não vou ser bem recebido”; “as exigências são muito altas”; “as pessoas são muita areia pro meu caminhãozinho”.

Sintoma:

É o mais custoso mecanismo de defesa contra a angústia. Um acontecimento psíquico compulsivo (mais forte do que nossa vontade, e alheio a ela), repetitivo, sempre da mesma forma, e que toma muito espaço em nossas vidas pelo seu grande aluguel mental.

É ele a principal manifestação das doenças psíquicas.

(em breve os próximos capítulos)



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