Quando entendi o que foi/é o Iluminismo, descobri um rótulo bom para mim. Agora, além de ser um fervoroso democrata, um liberal nos costumes e na economia (capitalista civilizado, ciente de que os investimentos no social e na ecologia trazem grande retorno), eu também era um iluminista.
Ser um iluminista é ter como valores prezados, como bússola de navegação da própria vida, a razão, a ciência, a lógica, e a vontade de saber mais, com a humildade da ignorância e a desconfiança de certezas.
Um dos meus heróis do Iluminismo - ao lado de Darwin, Freud et al. - é Edward O. Wilson (1929-2021). Acabei de ler seu livro, “O Sentido da Existência Humana” (2014), e uma das coisas que me encantaram nele foi seu ideal iluminista de unir ciências humanas com as exatas, pois elas se realimentam e se complementam para… entender mais sobre o sentido da existência humana.
Meu exemplo maior é o desmonte da crença na tábula rasa, na ideia de que nascemos como um papel em branco onde a cultura escreverá nosso destino, nosso desejo, nossas ambições… e nossos defeitos.
A crença é um subproduto do marxismo - e sua tradução política (socialismo, comunismo) - que ambicionava construir o “novo homem”: despojado de ganância, completamente cooperativo, sem individualidades, como uma colônia de térmites, ou de formigas, onde todos trabalham em favor do coletivo. Para isso, bastava dar ao Estado Socialista o controle total da educação dos filhos.
Bem, sabemos os resultados disso. “Ah, mas a União Soviética usou mal o princípio, o que não significa que ele esteja errado”. É, o apego à crença da tábula rasa continua firme e forte nas humanas: são todos culturalistas, acham que não existe essa coisa de “natureza humana”.
Mas o psicanalista aqui, encantado com a psicologia evolucionista, está convencido que fatos biológicos simples como “mulheres engravidam; homens podem dar no pé” influenciam muito no comportamento.
Por isso, vejo com enorme prazer a possibilidade de as exatas conversarem cada vez mais com as humanas. Ou, como dizem os alemães, as “geisteswissenschaften” (as ciências da alma) possam ser parceiras do saber das “naturwissenschaften” (as ciências da natureza).
Porque nossa alma é um produto da natureza.
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