“Meu nome é Édipo, sou rei de Tebas e quero me matar. Ou pelo menos furar meus olhos! Só vim aqui porque o Terésias insistiu muito…”
“Bem, já que o Sr. veio até aqui, poderia me dar três meses antes de fazer essas coisas, para ver se eu posso ajudá-lo? Por que o Sr. quer se matar, ou furar os olhos?”
“Tá bom, doutor, mas só três meses. Eu sou culpado pela praga que assola Tebas, pois descobri que matei meu pai e me casei com minha mãe. Sou um monstro!”
“Olha, monstros não costumam aparecer no consultório, pois eles não sofrem com seus malfeitos. O Sr. tinha plena consciência de que eles eram seus pais, por ocasião da morte e do casamento?”
“Não, não! Só descobri depois, quando me disseram que eu era filho adotado pelos reis de Corinto, e sobre quem eram meus verdadeiros pais. Mas aí já era tarde… e olha que eu fugi de Corinto justamente para escapar da sina que a pitonisa de Delfos me lançou: matar meu pai e casar com minha mãe…”
“Majestade, o psicanalista é um advogado de defesa. O Sr. já chega aqui com uma sentença feita, e isso é injusto, só a acusação teve voz. Está errado! Antes de mais nada eu quero ver os autos do processo.
E começamos bem: se o Sr. não sabia quem eram eles, temos um excelente começo: não houve intenção, nem parricida, nem incestuosa. Sem intenção, sem conhecimento, sua culpa diminui enormemente. Vamos ver agora em que circunstâncias esses fatos se deram”.
(Segue em “Édipo no consultório 2”)
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