“Se você diz que o Superego faz parte das doenças, como então deve agir o psicanalista em sua prática clínica?”
Francisco Daudt: É curioso, eu poderia fazer uma lista de atitudes que decorrem dessa percepção do Superego como parte do problema, mas… se eu o fizesse, estaria estabelecendo ideais grandiosos, juízos de valor sobre o analista, e sutilmente ou não, impondo regras para sua prática.
Ou seja, estaria eu mesmo sendo superegóico, fazendo o jogo do Superego.
Em vez disso, prefiro lembrar do valor da análise em que o analista é cliente (melhor ainda se for autoanálise), para sua boa formação.
Se ele entender bem seu próprio Superego, se ele for capaz de diminuir a relação sadomasoquista que tem com seu Superego, se disso resultar uma postura clínica de humildade científica que o tire do pedestal, se ele passar a ver sua prática clínica como uma prestação de serviços de saúde mental a seus clientes, com isso virá sua progressiva mudança de atitude frente a seus clientes.
É o que basta para começar a desinvestir do vício fodão-merda (em que o analista se sente fodão e o cliente, merda) para investir na virtude de se buscar a cura – a de seus clientes…
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