Todos os seres vivos são como a galinha: uma máquina inventada pelo ovo para fabricar outro ovo.
A pena do pavão serve ao ovo através da atração que ele exerce sobre a fêmea; o voo do pavão serve ao ovo através da sobrevivência, para fugir dos predadores enquanto ele não se reproduz. Nós somos comandados pelo gene e seus interesses egoistas, a nossa própria sobrevivência só tem sentido para sustentar a multiplicação dos genes.
Nós somos totalmente descartáveis, do ponto de vista do gene. O esquisito é sermos conscientes, o que inaugura o conceito de indivíduo: os interesses dos indivíduos podem ser diferentes dos interesses dos genes, posso querer ter prazer e não passar meus genes adiante. Essa é a fascinante conversa a que vou me dedicar no próximo livro: indivíduo (psicanálise; Freud) conversa com a espécie (psicologia evolucionista; Darwin).
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