“Freud descreveu as fases oral, anal e fálica como origem das zonas erógenas que ficam pela vida?”
Francisco Daudt: Sim, mas elas não se restringem a esses lugares do corpo (boca, ânus e genitais). O que observo é que, com a possível exceção dos cotovelos, o corpo inteiro tem potencial erógeno (“erógeno” significa “gerador de prazer/excitação”).
A ideia de Freud se casa perfeitamente com a armadilha biológica que a natureza produziu para que replicássemos nossos genes: ao buscar mais e mais prazer – começando pela boca/beijo –, a excitação cresce e nos faz querer a explosão final que leva à gravidez: o orgasmo… masculino (sim, a natureza é machista e só se interessa pela ejaculação. O orgasmo feminino é um luxo; o masculino, uma necessidade: dele depende a sobrevivência da espécie).
Mas Freud também apontou que, se algumas zonas de prazer se mantêm, outras podem ser reprimidas. O ânus é ícone das que são alvo de repressão. “Vai tomar no cu!” tornou-se um insulto comum a várias línguas, indicando que o prazer anal não é visto com bons olhos (no pun intended), e sim como algo repugnante, humilhante e passível de violação dolorosa.
Não é só ele que se varre para debaixo do tapete; é triste a constatação de que poucas pessoas se dedicam a pesquisar as zonas erógenas de seus parceiros, causando assim um tremendo desperdício de prazer em potencial.
É como se, no sexo, todos entrassem numa linha de montagem finalista, se esquecendo da verdade uma vez dita por um cliente: “Esse negócio de foder é pra proletário, que tem de produzir prole. A cama é um playground, feita pra brincar!”
Gostei muito, assim como todos seus posts.
ResponderExcluirObrigada.
Neusa Pires
ResponderExcluir