“A psicanálise é um meio de se ter felicidade?”
Francisco Daudt: Um dos momentos mais belos da história da humanidade é, a meu ver, aquele em que Benjamin Franklin (1776), ao notar que o fecho da declaração de independência americana afirmava o direito à propriedade privada, considerou-o muito mesquinho. Num gesto de grandeza de espírito, ele o substituiu por “direito à busca da felicidade”.
A psicanálise vê a felicidade como um caminho. Como no célebre clichê, “a felicidade não é um porto a que se chegue; é um farol-guia e um jeito de viajar”.
Seu norte, sua bússola, seu farol-guia são o aprendizado sobre o próprio desejo e sobre os meios de satisfazê-lo, mais o desenvolvimento da consciência dos seus desvios.
Isso conquista terreno para o Ego: trago para meu Eu (o Ego) valores prezados que moravam no Superego (“Eu não ‘tenho’ que ser honesto; Eu gosto e quero ser honesto”). Tiro do meu inconsciente (do Id) perturbações que me (de meu Eu) afastavam de ser sujeito dos meus verbos, dono da minha história, envolvido que estava nos assuntos e problemas dos meus pais (complexo de Édipo).
É esse Ego (esse Eu) cada vez mais liberto que assumirá o leme da minha vida, que rumará até o fim na trilha de aprendiz do meu desejo.
E ele será necessariamente virtuoso, porque expurgado da ganância e da predação (doenças viciosas) e guiado pelo amor à sabedoria (soma da inteligência com a autoconsciência), aquilo que os gregos chamavam de… filosofia.
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