Querendo ensinar valores a seu filho, Aristóteles escreveu “Ética a Nicômaco” (era este o nome do filho).
Lá ele ensina que as virtudes moram em algum lugar variável entre sua falta e seu exagero. Assim, a coragem estaria entre a covardia e a temeridade.
Daí saiu o provérbio latino “In medio virtus” (“a virtude está no meio”). Mas ele não traduz bem o conceito aristotélico. Não é “no meio”. Às vezes ela está um pouco mais para o exagero, às vezes mais para a falta, segundo as singulares circunstâncias de cada momento. Por exemplo, a Lava-jato passeou frequentemente pelo exagero, que correspondia à correção de séculos de falta.
De qualquer modo, Aristóteles ensinou a seu filho: “a principal virtude é a Justiça.”
Ela precisa estar presente até em coisas do dia-a-dia, como os acordos de lavar louça, fazer faxina e cozinhar. Eu preciso saber que dou e recebo em JUSTA medida.
Se sinto injustiça, sinto raiva. A raiva é o que me move a buscar justiça. Sem indignação não há justiça.
E, de novo, a justiça mora em algum lugar entre seu exagero (dar uma porretada na cabeça) e sua falta (entubar o dano).
É neste meio de campo que moram a civilização, a mediação, a terceirização, o chamar a polícia, o acerto amoroso de ponteiros e a diplomacia.
Mas também mora a legítima defesa...
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