“São duas meias e uma inteira”, diz você; “Quarenta reais”, diz a bilheteira do cinema… e aí termina a mais básica das interações pessoais.
Por contraste, a paixão idealiza a “troca total”, o encontro da “outra metade da maçã” com quem você vai se fundir “em um só corpo e uma só alma”.
Tá certo, a primeira é realista demais, pequena demais, ainda que necessária; a segunda é uma viagem delirante fadada ao fracasso, mas… entre as duas, há muitas trocas possíveis e belas, desde que: 1. se conheça o próprio desejo; e se aprenda que: 2. cajueiro não dá banana.
Há aquele amigo com quem eu só converso sobre carros; há aquele parente terraplanista com quem só troco memórias dos anos 50; há aquele crush e todo um clima entre nós, mas não dá pra mais nada além disso (o paradigma do cajueiro/banana); há com quem é possível conversar sobre as variações Goldberg e a insuperabilidade do Glenn Gould (mas não queira ir muito além); há quem também fale javanês e some encontro intelectual com afetivo (poucos, muito poucos); há os do intelectual, afetivo e erótico (total raridade, beirando a ilusão); há os do só erótico (e como têm valor!).
“Mil folhas”, é o que somos. E zona de interseção é aquele negócio da teoria dos conjuntos, quando dois círculos se sobrepõem parcialmente: o truque é poder regulá-la (para mais, para menos, para nada), de acordo com os dois princípios enunciados acima, o do desejo e o do cajueiro.
Quanto mais conhecermos sobre nosso próprio desejo, e mais formos capazes de avaliar os potenciais frutíferos do outro, mais felicidade teremos.
Perfeito.Demorei pra por em prática o enunciado do cajueiro
ResponderExcluir