domingo, 13 de junho de 2021

PADRE PEDÓFILO: UM EXERCÍCIO DE EMPATIA



“Toda ação humana resulta da soma de motivação, meios e oportunidades”.

A psicanálise busca entender a mente humana, não julgá-la.

Em seu livro “No Armário do Vaticano - poder, hipocrisia e homossexualidade”, Frédéric Martel comenta a maciça presença de homossexuais no clero católico, a absoluta ausência de gays assumidos entre eles, o grande número de casos de pedofilia homossexual (o índice de pedofilia hétero é irrelevante), e o declínio enorme das vocações sacerdotais a partir da maior aceitação social da homossexualidade (anos 70 em diante).

Ele examina o caso típico do rapazinho de uma cidadezinha do interior da Itália que se percebe homossexual. Sua motivação para o sacerdócio se inicia na paróquia da aldeia, daí para o seminário em outra cidade maior, no seu meio exclusivamente masculino, na circunstância da alta religiosidade do seu tempo.

Tudo isso permite um lugar social em que pode viver clandestinamente sua orientação, e pode escondê-la ao mesmo tempo. Sua iniciação sexual se dará com seus superiores: ele, um adolescente; eles, muito mais velhos. Num primeiro momento, ele é o objeto sexual do superior pedófilo.

Mais tarde, já formado padre, terá sob seu comando coroinhas e alunos muito jovens. Sua sexualidade continua clandestina e envergonhada. Ele a considera um pecado (os padres que quiseram assumir sua vida homoerótica são expulsos ou convidados a largar a batina).
Existe para ele conflito ético, tentação e transgressão. Algum tempo depois, a transgressão se cristaliza em vício. Já lhe é compulsiva. Ele se tornou um padre pedófilo.

A MOTIVAÇÃO para esse vício: o desejo homoerótico envergonhado.

O MEIO: a cumplicidade oculta de seus pares na Igreja, o celibato, o pecado.

A OPORTUNIDADE para praticá-lo: seus meninos subalternos, que o admiram e obedecem.

Um padre pedófilo não o é porque, “necessariamente, de sua homossexualidade decorre a pedofilia”, mas sim porque sua motivação homoerótica encontrou os meios e as oportunidades para que a tempestade perfeita se formasse.

Agradeço ao Elvis S. Correia e ao Cláudio Kuiven as perguntas que motivaram esta postagem; ao Facebook, o meio e a oportunidade.



 
 A CRIAÇÃO ORIGINAL - A TEORIA DA MENTE SEGUNDO FREUD




 

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