ORIENTAÇÃO SEXUAL
“Você investiga a orientação sexual do cliente? Como?”
Francisco Daudt: A psicanálise terapêutica só tem como objeto de investigação aquilo que for problemático para o cliente, o que representar parte de seus sintomas.
Portanto, só tem cabimento investigar orientação sexual se ela é uma questão, um assunto do cliente. A maior parte deles já chega com esse tema resolvido, querendo ver outros. É claro que o desejo da pessoa é um dos principais objetos de investigação, mas será para além da questão homo/hétero, será para um desenho mais detalhado da complexidade de seu desejo.
Mas há aqueles que trazem esse tipo de incômodo: um clássico sintoma obsessivo é a dúvida “será que, no fundo, eu sou um gay enrustido?”
Aí sim, a investigação se impõe. O que, para homens, não é difícil. A pergunta-chave é: para onde seus olhos são atraídos, que corpos chamam a sua atenção animada?
“Ah, para as mulheres, mas... volta e meia me pego dando uma olhada para o pau dos caras, é como se fosse um imã, e morro de vergonha”.
Nessas horas, a pornografia e a masturbação ajudam muito: “Que tipo de pornografia te excita? Você se detém em nudes de homem ou de mulher?”
O sintoma da dúvida obsessiva gay/hétero fala de quão comum é não haver uma orientação do tipo zero da escala Kinsey (hétero sem nenhum interesse homo, esses héteros que não têm nada de homofóbicos).
Mas um obsessivo é, digamos, obcecado com pureza: ou tudo, ou nada. Frequentemente, eles são héteros com algum mínimo interesse/curiosidade homoerótica, mas quem disse que aceitam isso facilmente? Vira uma questão.
PS: É muito difícil haver esse tipo de sintoma em mulheres, elas transitam com facilidade pelos vários tipos de interesse sexual.
Isso só é drama para os homens...
A CRIAÇÃO ORIGINAL - A TEORIA DA MENTE SEGUNDO FREUD
Disponível em: https://7letras.com.br/livro/a-criacao-original/
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