“O que é o sinistro, em psicanálise?”
Francisco Daudt: É bom dar uma olhada no original em alemão, e nas diversas traduções: “Das unheimlich” (literalmente, “o que não é do lar”; ou “o não familiar”, “o estranho”); em espanhol, “el siniestro”; em inglês, “the uncanny”. Também tem sido traduzido como “o inquietante”.
Freud o descreveu como um estado momentâneo de embaralhamento mental – e terror – a partir da percepção de algo que... não se encaixa, mas ao mesmo tempo tem alguma coisa reconhecível, mas não... Enfim, algo que te deixa por um momento doido e aterrorizado.
Em princípio, não é um dado relevante a ser investigado em análise, mas pode trazer associações livres interessantes. Cabe ao cliente decidir o que quer fazer com o seu episódio de sinistro.
Minha melhor história de consultório é de um cliente que viu “algo no chão”: “Era um pequeno monstro que se movia, um animal horroroso, mas não reconheci de pronto qual. Se movia de forma esquisita, não corria, não voava, seus membros pontiagudos se abriam e fechavam sem sentido. Era peludo, tinha focinho, orelhas pontudas, um pequeno demônio. Fiquei paralisado de terror”.
Era um morcego no chão.
A CRIAÇÃO ORIGINAL - A TEORIA DA MENTE SEGUNDO FREUD
Disponível em: https://7letras.com.br/livro/a-criacao-original/
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