domingo, 28 de fevereiro de 2021

MÃE NATUREZA, A INJUSTA E DESIGUAL

 



“Você poderia dar alguns exemplos de como a psicologia evolucionista influencia o seu trabalho de psicanalista?”

Francisco Daudt: Nesses tempos politicamente corretos, discutir nossa natureza é algo delicado. Vende-se muito a ideia de que tudo possa ser corrigido pela criação dos filhos e pelas políticas públicas, de que tudo é uma questão cultural.

Por isso, parto de algumas premissas que, se aceitas, a conversa pode continuar. Tomemos a mais importante delas:
Mulheres engravidam; homens não. Isto é fato da natureza, não é cultural.

Aceita essa premissa, podemos conversar sobre o fato natural que mais faz diferença em nossas vidas. Ele é cheio de consequências:

1. As mulheres sempre sabem que seus filhos são realmente seus; os homens sempre terão uma margem de dúvida.

Sim, atualmente o teste de DNA pode resolver essa questão, mas considere o ponto crítico de desentendimento a que se precisa chegar antes que ele seja pedido, e quanto tempo de suspeitas e amarguras antecede esse momento.

2. As mulheres tenderão a se preocupar sobre sua reputação sexual, se são confiáveis ou não neste quesito (“Sim, o filho é mesmo seu!”).

3. Os homens podem engravidar e fugir; as mulheres estarão presas à cria, de nove meses a trinta anos ou mais.

4. As mulheres precisarão de mais ajuda, como decorrência, que os homens, pois ninguém cria filhos sozinho.

5. As mulheres tenderão a querer mais compromissos afetivos de longo prazo do que os homens.

6. Haverá negociações difíceis para que isso aconteça. Em termos grosseiros, uma guerra dos sexos que, numa caricatura, se descreve em uma frase: para ter sexo, os homens prometem casamento; para ter casamento, as mulheres prometem sexo.

Aí está a ponta do iceberg da presença da mãe natureza, injusta e desigual, em nossas vidas. O assunto aqui apenas esboçado. Há outros 90% submersos...

 
 A CRIAÇÃO ORIGINAL - A TEORIA DA MENTE SEGUNDO FREUD



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