segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

CENTENÁRIO DE CARLOS ZÉFIRO

 




Para mais de uma geração de brasileiros, ele foi o “inventor” da pornografia. Trouxe complexidade, enredo, hesitação, entrega, drama, comédia, romance com erotismo, tudo isso num território árido onde só havia revistas suecas de naturismo.

Depois dele, já na produção de pornografia audiovisual, retornamos ao simplorismo: o homem da pizza e aeróbicas diversas.

Hoje, no império da internet, dispomos de um vastíssimo cardápio pornográfico. Tão vasto ele é que tornou-se, para seus espectadores, uma ferramenta preciosa de aprendizado do desejo.

Rapidamente se troca de vídeo, tendo o desejo por bússola, para aquele que desperta mais tesão. Até que se forme um padrão individual: que tipo de vídeo a pessoa vê? O que é, e quem é, objeto de seu desejo? Que tipo de enredo o toca mais?

Como exemplo, uma investigação de consultório. Só vou escrever as respostas, separadas por ponto e vírgula, mas elas foram tiradas a conta-gotas por perguntas minhas, que podem ser deduzidas:

“Sou um monstro; sou pedófilo; porque assisto vídeos de pedofilia; homossexuais, um adulto possui um menino; não, não é contra a vontade dele, não há violência, há sedução, e o menino gosta, na verdade, ele adora; quem sou eu no vídeo? Eu sou o menino...”

Expliquei para ele que: não, ele não era um monstro. Monstros não aparecem num consultório de psicanálise, pois não têm conflitos com suas monstruosidades. Ele só descobriu que é gay, querendo se sentir um menino, querendo se entregar a um homem mais velho e poderoso.

Imaginei um livro de autoajuda: “Ajuda-te a ti mesmo pela pornografia”...

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