domingo, 29 de novembro de 2020

O AMIGO PERGUNTA - “O que é consciência, em psicanálise?”

 


O AMIGO PERGUNTA 

“O que é consciência, em psicanálise?”

FD: É uma pequena janela por onde nossa atenção olha; aquilo que é visto fica consciente para nós.

Freud fez essa divisão, na primeira vez em que ele esquematizou nosso aparelho psíquico (ou “mente”): havia um enorme arquivo de memórias e impulsos (o jeito como ele chamou o equivalente aos instintos animais, em nós) no INCONSCIENTE. Inalcançável e inatingível pela nossa vontade, mas podíamos deduzir que ele estava lá pelos sinais de sua existência, como os sonhos, p.ex.

Em seguida, outro departamento cheio de memórias: o PRÉ-CONSCIENTE. Esse é relativamente fácil de acessar, basta que nossa atenção se volte para ele. Como exemplo, agora vou falar de algo que estava até então no seu pré-consciente, mas... no momento em que você vir a palavra, sua atenção se voltará para aquele arquivo e a memória se tornará consciente: seu pai.

É, eu sei, você não estava pensando nele, mas um monte de memórias apareceu com as simples letrinhas finais do parágrafo anterior.

Foi por isso que Freud nem deu espaço – no desenho que fez – para o CONSCIENTE: ele é muito pequeno e fugaz, completamente dependente da nossa atenção.

Enquanto você lê este texto, sua atenção pula para fora e para dentro, ligando as palavras lidas a seus sentidos, a suas memórias pré-conscientes (e elas se tornam conscientes nessa hora), a pensamentos e deduções provocados pelo texto etc.

É claro, sua atenção também pode pular para súbitas mensagens que apareceram na tela do celular, para aquela vontade de beliscar alguma coisa na cozinha...

E se ela pular muito, você pode até não ter chegado aqui no texto. Hoje em dia, chamam isso de DDAH (“distúrbio de déficit de atenção e hiperatividade”), mas para ser sincero, a principal razão pela qual nossa atenção é desviada está na chatura dos textos.

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