terça-feira, 24 de novembro de 2020

Diversos: Encanto e delicadeza

 (Publicado em 11 de junho de 2012)

Contracapa do CD do violonista Willians Pereira

Música é o que de mais próximo conheci (entendi, percebi, senti) do conceito de místico, que, de resto, me escapa. Escrever sobre música é um ato estranho, lembra-me o que um amigo disse ao ler uma vasta explicação sobre um quadro: “Arte não precisa de bula”. Certamente a música que faz minha mente fluir solta, deixando-se levar ao sopro dos acordes, como aquela peninha da abertura do “Forrest Gump”, não é uma das marchas militares do John P. DeSouza. Mas “encanto e delicadeza” são componentes que reconheço como tradução dessa mística. Reencontrá-los em peças que já me haviam encantado, como no Chopin e no Puccini do disco, só que na fala mansa do violão de Willians, foi um alumbramento. Ele nos dá tempo de saborear timbres, escandir acordes com seu instrumento, como se fossemos co-autores, surpreender-nos com soluções harmônicas inesperadas. É. O disco produziu encanto com sua delicadeza. O que mais posso pedir da música? Sim, porque Willians deixou a música vir antes do instrumentista. O que mais posso pedir dele?


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