(publicado em 09 de maio de 2011)
Éramos uma família grande, morando numa casa grande de classe média alta no Cosme Velho, RJ, anos 60, quando Seu Amadeus veio ocupar a vaga de faz-tudo. E fazia. Menos servir à francesa, mal menor, pois fazia o resto tão bem que nossa mãe relevou. A casa era povoada por três gerações: meus pais; nós e os netos deles (eventualmente). Todos os netos eram apaixonados por ele. Os netos suíços, igualmente apaixonados por ele, chamavam-no “Messieur Badê”. Nós aprendíamos com ele se ia chover, pois “o Cristo cobriu-se com seu manto” (a estátua envolveu-se em nuvens), um jeito manso de dizer, os olhos perdidos na direção do Corcovado…
Ele ensinou as calopsitas a assoviar, as avencas a crescer. Quando eu matei a cascavel com um tiro de ’22, ele, serenamente, cavou um buraco de 1m para enterrá-la: “É garantia dela não voltar”.
Material publicado na coluna “Natureza Humana”, da Folha de São Paulo.
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