(Publicado em 31 de janeiro de 2012)
Meu filho foi atacado por um cão aos 6 anos. Isso lhe deixou uma cicatriz na têmpora direita de 3 cm. Ele a ignorou até quando fez 13 anos, quando passou a se preocupar com ela de maneira exagerada, achando que, principalmente as meninas, iam-lhe achar uma espécie de fantasma da ópera. Isso lhe ocupou a cabeça ao ponto de tentar lixá-la aos 16 anos. Foi mal sucedido e entrou em desespero. O que se pode fazer?
Alaíde
O problema de seu filho não é a cicatriz. É algo chamado de “crise evolutiva”. São momentos em que ficamos entre o mundo que nos chama, e o medo que temos dele. Passamos por ela ao entrar para o colégio pela primeira vez. Eis o porquê da adaptação. Outras se dão quando da entrada da adolescência (o caso de seu filho), porque passamos a nos interessar pelo sexo, e pela nossa cotação no mercado; na escolha da faculdade; na saída da faculdade e procura de sustento; no casamento; no nascimento de filhos; nas separações; nas mudanças profissionais; na aposentadoria; na menopausa, na constatação da velhice e proximidade da morte. Seu filho teve uma dessas, o medo do mundo vencendo, agravada provavelmente por uma depressão e um transtorno obsessivo. Sugiro, em primeiro lugar, que ele seja medicado por um psiquiatra. Aliviada sua dor (como o será, pelos remédios), que ele seja encaminhado para uma psicoterapia que terceirize a função de pai e o ajude a se socializar. Não é vergonha nenhuma, todos temos nossas limitações, e reconhecê-las é uma bênção para nossos filhos.
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