(Publicado em 31 de janeiro de 2012)
Minha mulher sofreu um acidente de lambreta na Itália, e teve que ficar imobilizada em um hospital. Tivemos que ficar lá por dez dias e ela nem podia ir ao banheiro. Cuidei dela com todo o carinho, mas no 5º dia ela teve um surto psicótico paranóico, achando que todos queriam matá-la, culpando-me a mim por sua situação. Nunca senti pavor maior na vida. O médico disse que ela estava sofrendo da “síndrome do confinamento”. O que é isso, afinal? Ela vai ficar boa?
Carlos
A síndrome do confinamento existe de fato. Ela é mais comum em CTIs e Unidades Coronarianas, que são lugares aterrorizantes. Mas foi vista em rede nacional de TV quando o “Ban-Ban” do BBB1 entrou em crise porque desmantelaram sua boneca Maria Eugênia, uma referência inventada por ele. A escola de tortura do Panamá usou esta técnica de tirar as referências dos prisioneiros de modo a enlouquecê-los e fazer com que eles confessassem. Algumas pessoas são mais vulneráveis que outras. Quem tem depressão é vítima fácil. A tendência é que, na volta ao Brasil, e com a presença de pessoas conhecidas ela volte ao normal. Mas convença-a, com o tempo, de procurar terapia, pois o trauma é grande. É também um mecanismo de defesa. Como foi ela que insistiu em andar de lambreta e trazia o filho na garupa, a idéia de que poderia ter matado o filho foi desestruturante. Ela precisava pôr a culpa em alguém. Este alguém foi você. Assim com é fácil amar o próximo, também é mais fácil odiar o próximo.
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