(Publicado em 31 de janeiro de 2012)
Desde criança quase sempre meus pais brigavam por minha causa. Minha mãe sempre me defendia e meu pai sempre me condenava na maioria das vezes por motivos banais. Hoje aos 24 anos não existem brigas, mas eu e meu pai mal conversamos. Amo ele mesmo assim, mas não sei se ele gosta de mim ou apenas tolera minha presença. Por que ele me trata assim e é tão diferente da minha mãe?
Eduardo
Acho que Renato Russo comenta em uma música que pais também foram crianças e tiveram pais, que também os tiveram, e assim por diante. A mãe natureza não está nem um pouco interessada em nossa felicidade, só quer que a gente se reproduza. Não pede atestado de competência, nem para pais, nem para mães. Um provérbio americano diz que são “dez segundos de prazer e trinta anos de preocupações”. Mas também podem ser trinta anos de descaso, de mal-tratos, de indiferença. O fato é que há pessoas vocacionadas para o bem cuidar de filhos e outras que não estão nem aí. Nem me parece muito o caso de seu pai. Deduzo que ele participou de sua criação, pelo menos sendo provedor, ou, como o condenava, tendo alguma intenção educacional (ou mesmo sendo uma peste, ou para implicar com sua mãe, quem pode saber?). Acaba sendo uma forma de educar. Pelo reverso. Exemplo: “Nunca na minha vida vou tratar minha mulher e filhos assim”. Não é uma forma de educação? De resto, quando a gente cresce, o que conta é a afinidade. Deixamos de ser filhos, e, se há afinidades, passamos a amigos. Ou não.
25.04.07
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