(publicado em 01 de fevereiro de 2012)
Choro muito, a toda hora, não sei o que está acontecendo comigo. Afinal, o que é o choro?
O choro tem, basicamente, duas origens: a pena de si mesmo e a impotência diante de situações. Os americanos odeiam a pena de si mesmo, mas ela é necessária para o equilíbrio mental. Não estou falando daquelas pessoas que se vitimizam em busca de alguma vantagem ou de manipular seus próximos. Isto é doença difícil de tratar, mesmo porque a pessoa não está interessada em perder esse instrumento de chantagem, e, sem conflito interno não há tratamento possível.
As situações de choro por pena de si mesmo ocorrem quando você vê um filme em que a gentileza e generosidade de espírito são finalmente reconhecidas enquanto as suas ainda não foram; quando seus filhos se formam e/ou casam, e você percebe o quanto investiu neles até aquele momento, e que sua missão trabalhosa está parcialmente cumprida; quando você ouve o hino nacional e pensa em multidões (nas quais você se inclui) que expressam um orgulho sofrido de tantas lutas infrutíferas; quando alguém te percebe e reconhece, e você pensa no tempo longo em que isto não aconteceu.
O choro da impotência começa quando a gente nasce, e qualquer incômodo só assim pode ser traduzido. À medida que crescemos, ganhamos capacidades verbais que substituem o choro. Quando minha filha acordou de noite e gritou “Quero minha peta!”, não precisou chorar. Mas o que fazer quando se perde um ente querido? Quando somos injustiçados no emprego ou na família, ou por um amigo, sem que achemos saída para isto? Chorar.
No seu caso, penso que você está deprimida, quando a impotência e a pena de si mesmo se unem para um chorar mais constante. Procure ajuda.
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