(Publicado em 31 de janeiro de 2012)
Por que hoje em dia moralidade é confundida com moralismo?
Por que não concordar com traição soa tão careta atualmente?
Por que alguém pode passar por cima dos nossos sentimentos com tanta facilidade, só pra satisfazer um desejo (q sempre passa)? Porque faz, se sabe que vai se arrepender depois?
Moralidade existe para possibilitar a convivência entre todos… Mas ninguém respeita isso.
E quando sou vítima, tenho a obrigação de perdoar, como se eu fosse o mau da história.
Não consigo entender…
Klebs
Prezado Klebs,
Se você olhar no dicionário vai ver que moralismo significa “defender preceitos morais”. Você é um moralista e todos nós devíamos sê-lo. O que acontece é que a expressão antiga “falso moralismo” foi, com o tempo, perdendo o “falso” e ficou a impressão de que moralismo é o mesmo que falso moralismo. Mas não é. A palavra vem de “mores”, os costumes, em latim. Como vemos no Brasil de hoje, precisamos mais e mais de moralistas (no sentido original). Os principais moralistas deveriam ser os pais e as autoridades, pois o exemplo vem de cima. Quando esses nos traem, a tendência é haver deterioração dos costumes. Quando a moral é ofendida, esteja ela na letra da lei ou não, os costumes se corrigem com punições. Como você vê, é outro problema que vai além da esfera pessoal, pois a impunidade anda generalizada. Nas questões pessoais, como na sua, o perdão é um assunto de foro íntimo, dos limites da sua tolerância, não aceite imposições do senso comum, não se deixe intimidar pelo rótulo de “careta”. Você não tem obrigação de perdoar coisa nenhuma. A virtude é fruto de uma mistura de boa formação com o sentimento de más conseqüências caso ela seja transgredida. É como um motorista que pára no farol vermelho, meio porque acha que deve, meio porque pode levar uma multa. Se ele não corre perigo de multa, se seu delito não traz as más conseqüências, a tendência é que ele vá se tornando inconseqüente. A mesma coisa se passa nas relações pessoais.
Não tenha medo de ser moralista e, se ofendido, de produzir conseqüências. O parceiro banana estimula a tirania e o desprezo do outro, enquanto que o parceiro seguro de sua honestidade e firme em sua postura inspira o mesmo respeito que os bons pais inspiram. O bom companheirismo vem da sensação de troca justa. A aceitação da injustiça estimula a canalhice, seja em casa, seja em qualquer situação (como você está vendo pelos jornais).
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