(Publicado em 01 de fevereiro de 2012)
Minha irmã tem dois anos a menos que eu, e está se casando no mês que vem, enquanto estou chegando aos 30 e ainda não tenho ninguém em vista. Confesso que sinto inveja, e tenho vergonha disto.
Aqui temos dois assuntos: o fato de vocês serem apenas duas irmãs, e a inveja, ela mesma. A configuração familiar de duas irmãs é a mais complicada de todas. É da natureza humana que haja competição, ciúmes e disputa pelo amor dos pais desde cedo. Aquelas duas irmãs que se amam e são amigonas, pode acreditar, se constituem numa minoria e deram uma enorme sorte. É pior que um casal? É. É pior que dois irmãos? Também. E o mais grave é que a fonte dessa coisa tem a ver com o casamento. Quase todas as mulheres nascem com esse desafio biológico: casar e ter filhos antes que o prazo se esgote. É uma pressão de nascença que se agrava quando você tem que conviver com uma competidora, com todas as comparações que isso traz: a mais bonita, a mais sociável, quem levou chá de cadeira na festa etc.
Quanto à inveja, todos a temos. Mas há aquela do mal e aquela do bem. A do bem é um estímulo para nosso crescimento pessoal (“Fulana é um exemplo, gostaria de ser como ela”). A do mal é aquela que faz o mal para prejudicar o outro. Passa a chave na pintura do carro bacana do vizinho; faz intriga para prejudicar reputações. Essa é à que o famoso plástico se refere (“a inveja é uma…”). A primeira não tem problema nenhum, mesmo que às vezes você pense mal de sua irmã. Se pensar mal atingisse alguém, não haveria ser vivo sobre a Terra.
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