(Publicado em 31 de janeiro de 2012)
O que o Sr. tem a dizer sobre as cotas raciais?
Arnoldo
Minha filha recebeu um questionário do colégio que exigia que ela declarasse sua raça. Ela ousou declarar que sua raça era “humana”. A professora passou-lhe um carão. Quando me contou isso, disse-lhe que ela havia repetido o gesto de Einstein, diante da mesma pergunta em Ellis Iland, quando de sua entrada nos USA. O conceito científico de raça diz respeito àqueles indivíduos que podem se cruzar e dar crias sem problemas. As diferentes etnias são subespécies. Resulta que todos os seres humanos são da mesma raça. Mas assim mesmo temos preconceitos. Com o quê, afinal? Quem se lembra dos tempos de colégio poderá responder a isso sem dificuldades. Temos preconceitos com os diferentes de nossa tribo. Quem usava óculos no colégio era chamado de “quatro-olhos”; os mais baixos de “tampinhas”, e assim por diante. Na antiguidade, um desconhecido era enfrentado até à morte, e mesmo hoje em dia, na Nova Guiné, se dois desconhecidos se encontram, passam horas buscando parentes em comum para não terem que se matar. Se você é branco e encontrar um branco tatuado, com piercings, musculoso e mal-vestido, vindo contra você na mesma calçada de uma rua escura, sua tendência é trocar de calçada. Se você é branco e encontrar um negro de meia-idade, de terno e com uma pasta na mesma calçada, seguirá adiante sem aflições. Ali Kamel, um articulista que admiro, tem mostrado que nosso problema é mais com a pobreza do que com a cor (não que a cor seja insignificante), e que, se houver cotas, que elas favoreçam os pobres em geral, e não os que se diferem pela tonalidade da pele. Tudo o que não queremos é importar o ódio americano pelas diferenças de cor.
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