(Publicado em 01 de fevereiro de 2012)
Sou católica, mas as declarações do Papa Bento XVI têm me causado estranheza, ora por sua declaração de que a homossexualidade é pior que o aquecimento global, ora porque a máquina de lavar roupa fez mais pelas mulheres que a pílula, ou que a camisinha agrava o problema da AIDS, ou por cancelar a excomunhão do bispo que disse que não houve holocausto. Como ser católica e discordar do que diz o Papa?
Fui criado na fé católica e acompanhei seis papas até agora. É claro que não tenho competência para falar de religião, mesmo porque sou agnóstico (alguém que não tem bases sólidas para negar a existência de um deus). Mas, especialista em seres humanos, posso dizer que o atual papa não tem um décimo do carisma dos anteriores, com a agravante de suceder João Paulo II, que era um pop-star. O papa Ratzinger era o cardeal mais conhecido antes de sua eleição, e recebia uma grande quantidade de rancor por suas atuações anteriores. Quando eleito, apareceu como alguém fantasiado de papa. Ouvi de católicos a mesma estranheza que a Sra. me conta.
No entanto, ele é um gerente de sua corporação que zela por seus estatutos. É como um clube. Quem não quiser seguir as regras está fora. Como disse Sobral Pinto: “Não conheço democracia à brasileira, só conheço peru à brasileira, com farofa”. O papa Ratzinger, a despeito de sua falta de carisma, tem todo o direito de dizer quem é católico ou não.
Material publicado na Folha de São Paulo.
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