(Publicado em 01 de fevereiro de 2012)
Sou mãe de dois filhos adotivos, e me irrito quando me dizem que eles não são meus filhos “verdadeiros”. O que o Sr. tem a dizer?
Você tem toda a razão de se irritar. Um doador de esperma, por acaso, é um pai “verdadeiro”, ou é um simples masturbador de material genético? É claro que você vê orgulho nos pais biológicos que também desempenharam a paternidade. Seus filhos têm seus traços, seus trejeitos, suas heranças biológicas. Eles são pequenas miniaturas deles. A mãe natureza quer esse vínculo, para benefício das crias. A tolerância de pais biológicos para um “sangue ruim” que a loteria genética lhes produza será maior do que a de pais adotivos.
Mas, afinal, o que é um pai ou mãe “verdadeiro”? É aquele que produziu as condições para que a criança se torne uma pessoa, um indivíduo. São aqueles que desempenharam funções de pai e de mãe (continuação do ventre = nutrição; calor e proteção, função de mãe; apresentação suave para viver no mundo, função de pai. Que podem ser desempenhadas por quem quer que esteja interessada na criança: mãe, pai, babás, avós, curadores de orfanatos etc.)
Quando um embrião se torna um ser humano (desenvolve um sistema nervoso que o permita sentir alguma coisa), vai precisar dessas funções para se tornar uma pessoa. É um trabalho danado, um investimento amoroso enorme. A “verdade” está com quem toma este empreendimento.
Boa, Chico. É assim que vai virando conceito, vou compartilhar. 🙏
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